“É um contrassenso”, diz Domingos Sávio sobre possível inviabilização do voto eletrônico
Brasília (DF) – O contingenciamento orçamentário divulgado na última sexta-feira (27) pelo governo federal pode fazer com que as eleições municipais de 2016 sejam realizadas manualmente, com voto em cédulas de papel. É a primeira vez que isso acontecerá desde 2000, quando todo o eleitorado brasileiro começou a votar em urna eletrônica. As informações são da Folha de S. Paulo desta terça-feira (1º).
De acordo com a reportagem, o alerta consta em uma portaria publicada no “Diário Oficial da União” de ontem (30), assinada pelos presidentes dos tribunais superiores. Ao todo, o corte no Judiciário soma R$ 1, 74 bilhão no orçamento.
Para o deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG), o contingenciamento é um “contrassenso”. O parlamentar disse não acreditar que uma eleição feita com o sistema de voto manual vá ficar mais barata.
“Não é possível que a justiça eleitoral trabalhe com a tese de, a cada eleição, comprar um novo programa e comprar novos equipamentos. É um contrassenso. Nós tivemos eleição ano passado. Não consigo imaginar que aqueles equipamentos não estejam em condições de serem usados e que o sistema não possa simplesmente ser adaptado com uma atualização dos dados relativos aos novos candidatos”, observou.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou em nota que o impacto maior do corte se reflete no processo de aquisição de urnas eletrônicas, sendo que já foi iniciado uma licitação com este fim, com comprometimento de despesa estimada em R$ 200 milhões.
Nos bastidores, a portaria é interpretada como um instrumento de pressão sobre o Executivo para diminuir o corte no Judiciário, diante do desgaste que o fim do voto eletrônico poderia trazer ao governo Dilma.
Explicações
O tucano pediu ainda explicações à Justiça Eleitoral. “A impressão que tenho é que o custo ficaria barato, – já levando em conta que os equipamentos e o programa já são de propriedade da justiça eleitoral – a menos que a Justiça Eleitoral não tenha feito uma gestão adequada desses recursos que já vieram sendo aplicados em anos anteriores, em eleições anteriores. Acho que a justiça eleitoral deve uma explicação melhor ao país”, pleiteou.