Em nota, David Zylbersztajn desmente candidata petista
Para ele, Dilma usou de “má fé cínica ou obtusidade córnea”

Para ele, Dilma usou de “má fé cínica ou obtusidade córnea”
Brasília (13) – Por meio de nota à imprensa, o economista e ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP) David Zylbersztajn rebateu nessa terça-feira as declarações da candidata à Presidência, Dilma Rousseff (PT), feitas no primeiro debate do segundo turno entre a petista e o candidato José Serra (SP), realizado pela TV Bandeirantes no domingo.
De forma “inverídica e tendenciosa”, segundo a nota, Dilma suscitou o tema privatizações e acusou o economista de trazer à tona o assunto, citando declarações de Zylbersztajn durante seminário no Rio de Janeiro, em setembro passado.
“Durante o debate da Rede Bandeirantes, ocorrido no último domingo, dia 10, a candidata do Partido dos Trabalhadores, Dilma Rousseff referiu-se a mim de forma inverídica e tendenciosa, induzindo, deliberadamente, o eleitor ao erro. A mesma afirmação tem sido repetida nos programas eleitorais”, afirma o documento.
Em certo momento do debate, a petista denominou Zylbersztajn de principal assessor energético do presidenciável tucano. O economista rechaça: “Em primeiro lugar refere-se a mim como assessor do candidato do PSDB, José Serra. Devo esclarecer que não sou, nem nunca fui assessor do candidato”.
Zylbersztajn nega ainda que tenha declarado apoio à privatização do pré-sal. “A candidata (ou quem a assessora) delira, talvez motivada por assombrações que lhe assomam, vendo uma privatização a cada esquina”, diz a nota. O economista apenas defende o “exitoso modelo de concessão”, implantado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
E acrescenta: “O modelo de partilha proposto, na minha opinião, é danoso aos interesses do país, por motivos diversos. O pior deles refere-se à criação de uma estatal para comprar e vender petróleo. Além do mais, a proposta é danosa à Petrobras, que, queira ou não, será obrigada a participar de todos os campos do pré-sal, seja isto de seu interesse, ou não”.
O modelo de concessões foi implantado a partir da Lei do Petróleo, em 1999. Durante a era FHC, foram realizados quatro leilões sob este regime, num deles foi licitada a área do pré-sal. O governo petista, por sua vez, realizou seis leilões. “Ou seja, se este é um modelo privatizante, foi aplicado de forma bem sucedida e permanente pelo governo do qual fazia parte a candidata Dilma, inclusive na qualidade de Ministra de Minas e Energia”, conclui.
Provocado pela petista durante o debate, José Serra reagiu às declarações sobre privatização, sobretudo em relação à Petrobras. O tucano disse ter uma “relação especial com a Petrobras”, e assegurou ter lutado pelo fortalecimento da estatal quando líder estudantil e também na época em que foi ministro do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Veja a íntegra da nota:
ESCLARECIMENTO PÚBLICO
“Durante o debate da Rede Bandeirantes, ocorrido no último domingo, dia 10, a candidata do Partido dos Trabalhadores, sra. Dilma Rousseff referiu-se a mim de forma inverídica e tendenciosa, induzindo, deliberadamente, o eleitor ao erro.
A mesma afirmação tem sido repetida nos programas eleitorais.
Em primeiro lugar refere-se a mim como assessor do candidato do PSDB, José Serra. Devo esclarecer que não sou, nem nunca fui assessor do candidato.
Mais grave, afirma que declarei ser a favor da privatização do pré-sal ! A candidata (ou quem a assessora) delira, talvez motivada por assombrações que lhe assomam, vendo uma privatização a cada esquina.
As declarações recentes sobre o assunto (e que encontram-se devidamente registradas em áudio e vídeo) foram dadas em seminário realizado pela Revista EXAME, no Rio de Janeiro, há cerca de uma semana.
Na qualidade de expositor, defendi a manutenção do atual sistema de concessões também para as futuras licitações, sejam elas no pré-sal, ou fora dele.
As áreas do pré-sal, contém, como seria de se esperar, petróleo e gás, os mesmos existentes nas áreas fora do pré-sal.
O modelo de partilha proposto, na minha opinião, é danoso aos interesses do país, por motivos diversos, que não cabem explicar em detalhes neste momento.
O pior deles refere-se à criação de uma estatal para comprar e vender petróleo. Além do mais, a proposta é danosa à Petrobras, que, queira ou não, será obrigada a participar de todos os campos do pré-sal, seja isto de seu interesse, ou não.
Por fim, nunca é demais lembrar que o exitoso modelo de concessões foi implantado a partir da Lei do Petróleo, a partir de 1999. Durante o governo FHC foram realizados 4 leilões sob este regime (num dos quais foram licitadas as áreas do pré-sal). No governo do PT foram 6. Ou seja, se este é um modelo privatizante, foi aplicado de forma bem sucedida e permanente pelo governo do qual fazia parte a candidata Dilma, inclusive na qualidade de Ministra de Minas e Energia.
Por fim, este episódio faz-me lembrar de um trecho da introdução do “Crime do Padre Amaro”, de Eça de Queirós, onde para uma situação semelhante, o autor afirmava tratar-se de “má fé cínica ou obtusidade córnea”. Neste caso, suponho tratar-se de ambas.
Esta é a verdade.
David Zylbersztajn