Arthur Neto: Para furar a polarização, PSDB deve estar forte e unido

Entrevistas - 14/07/2021

Confira os principais trechos da entrevista do ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, à jornalista Andrea Jubé, do Valor Econômico.

Prévias tucanas
“Eu estou muito interessado mesmo é em consagrar as prévias como método de escolha de candidato do PSDB. Se os cadastros dos filiados estão mais organizados em São Paulo, bom pra ele [governador João Doria], se porventura a vantagem que ele levar seja a maioria desses 25%, faz parte do risco. Mas você ainda tem os votos dos deputados, senadores etc. Quero que raciocinem pelo lado do ideal, mas, também, pelo lado do mais banal: com fulano eu me elejo deputado, com beltrano eu não me elejo porque ele não motiva as pessoas. A gente tem que ver quem motiva mais.

Polarização Lula x Bolsonaro

“Tem jeito [de furarmos a polarização]. Mas o PSDB tem que fazer uma campanha forte e unida. Aquele que vencer as prévias tem que ser claramente apoiado por todos que disputarem até o final. Esse é o caminho que o partido deve seguir. Aqueles que perderem, recolham a ambição.”

Renunciar à cabeça de chapa
“Essa é uma preocupação que deveria ser de todos os supostos pretendentes à tal terceira via. Algum deles tem a garantia de que terá os dois dígitos [nas pesquisas] no ano que vem para se viabilizar? O PSDB tem que forçar a barra para ter alguém em condição de dois dígitos. Ou depois de escolhido o candidato nas prévias, e tiver a adesão de todos ao nome dele, alcançar os dois dígitos. Aí lançamos o candidato, e saímos com a experiência de que ele poderá se eleger, ou não. Isso é da democracia.”

Fernando Henrique e Lula
“Sobre o encontro dos dois, posso fazer alguma crítica à segunda parte da história, que era o apoio ao Lula num segundo turno contra o Bolsonaro. Essa segunda parte podia ser guardada. Mas quanto a eles almoçarem, jantarem, tomarem café juntos, eles são amigos, essa que é a verdade. Se eles se aposentarem da politica, eles se visitarão. O Fernando Henrique não estava em condições de eleger o sucessor dele, era a vez do Lula. Eu vi uma ponta nele [de vaidade], o Príncipe dos sociólogos sendo substituído pelo maior líder sindical que a América Latina já produziu. Era uma coisa charmosa.”

Ministro da Fazenda
“Se num desvario do povo, eu fosse presidente da República, o economista Marcos Lisboa era um dos nomes que eu cotaria para ser ministro da Fazenda. Ele foi um sustentáculo para a boa gestão que o [Antonio] Palocci fez, até aparecer o lado B do Palocci. Os principais interlocutores que o Palocci tinha no Senado não eram do PT, éramos eu e o Tasso [Jereissati].”

CPI da Covid
“A ideia da CPI é boa, mas teve aquele espetáculo: prisão de sargento da reserva [o ex-diretor de Logística do ministério Roberto Dias]? Ele [senador Omar Aziz] teve ocasião de prender o general Eduardo Pazuello. Era mais complicado, e mais meritório, ter prendido o general. Não sou eu que estou dizendo que Pazuello mentiu, o núcleo duro da CPI disse que ele mentiu. E ele [Aziz] tem laços intrincados com o governador do Amazonas, Wilson Lima. Ele não fez questão de ver o governador estraçalhado ali na CPI, embora o governador tenha matado gente por asfixia, por irresponsabilidade. Mas prenderam quem? Um sargento da reserva. Isso é nada. Eu vejo, sim, um certo eleitoralismo.”

Impeachment
“Não me agrada ver a interrupção do processo, me dá a impressão de que o país não fica de calças compridas nunca, está sempre de calças curtas. Cada vez que elege um presidente, e dá o bilhete azul, encurta as calças. Eu gosto de estabilidade. Não acho que a [ex-presidente] Dilma Rousseff merecesse o impeachment, sobretudo com aquela desculpa [das pedaladas]. Um dia ela me perguntou como estava a situação dela. Eu disse que não estava bem, mas que ela não cairia por causa das pedaladas. Ela cairia porque perdeu a capacidade de ter uma boa base parlamentar.”

Parlamentarismo
“O Brasil não tem uma democracia forte porque insiste nessa coisa selvagem do presidencialismo. Ninguém é obrigado a querer o parlamentarismo como nós queremos, mas é um absurdo a gente não falar disso. Estamos vivendo na pele os defeitos do sistema mais catastrófico, mais selvagem, que é o presidencialismo.”

Leia a ÍNTEGRA da entrevista aqui

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14/07/2021