Entrevistas
FHC no Manhattan Connection
Fernando Henrique Cardoso concedeu importante, conceitual e fundamentada entrevista ao programa Manhattan Connection, que esta semana encerrou sua longa carreira no canal GNT. No final de janeiro passa a ser apresentado na GloboNews.
Entre diversos temas, avaliou quais foram os presidentes mais importantes do Brasil, nominando inicialmente Getúlio Vargas como o principal, sem deixar de observar que o gaúcho alternou seus mandatos com períodos de ditadura. Citou ainda Juscelino Kubitschek, Campos Salles, Rodrigues Alves e o general Castelo Branco. Para FHC, os grandes presidentes são os que olham e pensam para o futuro do país.
FHC comentou sobre as últimas eleições presidenciais, mostrando que o Presidente Lula desrespeitou a legislação eleitoral pelo uso da máquina pública para eleger Dilma Rousseff. “A Justiça multou, mas ele até satirizou a Justiça e não aconteceu nada”, lamentou. A entrevista não deixou de fora assuntos polêmicos, como o papel da oposição, particularmente do PSDB, à época do mensalão e por que não foi pedido o impeachment de Lula após o publicitário Duda Mendonça confessar, no Congresso, que recebeu recursos ilegais da campanha de Lula em 2002.
“ Era caso de a Justiça considerar nula a eleição de Lula, mas não aconteceu nada. Tínhamos receio do que poderia acontecer nas ruas. Iam falar que impedimos um presidente que veio do movimento sindical e ele iria mobilizar o povo na rua dizendo que a elite o tirou do poder e ficamos com receio do que poderia acontecer ”, lembrou.
FHC lamentou o enfraquecimento do papel legislativo e fiscalizador do Congresso. “Os parlamentares abdicaram do poder. Fazem o que o Planalto manda, em troca de favores. Hoje ninguém discute o futuro do país”.
O ex-presidente acredita que Dilma Rousseff encontrará o país em bom momento, observando que em função do aumento dos gastos públicos no governo Lula, a economia precisa de ajustes.
“ Eu mudei o Brasil. Sem falsa modéstia. O Brasil era um país antes da consolidação da economia (Plano Real) e passou a ser outro. O ano que ele pegou piorou, mas por causa dele. Por causa do medo que o mercado tinha do que ele dizia que ia fazer. E, para sorte de todos nós, não fez. A Dilma vai pegar uma economia em bom momento, mas uma situação fiscal bastante difícil também”, disse o ex-presidente.
Veja a entrevista no Manhattan Connection