João Doria: “Nem direita nem esquerda; vamos seguir um caminho alternativo, do PSDB

Confira a entrevista do governador João Doria à jornalista Denise Rothenburg, do Correio Braziliense
O país vive uma crise entre os Poderes há alguns meses. O presidente Bolsonaro vem aumentando suas declarações contra o Supremo Tribunal Federal. Qual é a sua avaliação?
Lamentavelmente, o presidente Bolsonaro gosta de flertar com o autoritarismo. Ele tem uma forte tendência a posar de ditador. Só falta subir uma espada, montar num cavalo e declarar que é o ditador do Brasil, porque vontade ele tem. E, muitas vezes, faz isso por meio de agressões ao Supremo Tribunal Federal, cortes, Legislativo, governadores, intelectuais, artistas, jornalistas e veículos de imprensa. Eu não me lembro, desde a ditadura militar e do golpe de 1964, de ameaças tão constantes à democracia e à Constituição como neste governo Bolsonaro, mas as forças democráticas e as instituições brasileiras serão maiores e mais fortes do que esse ímpeto golpista dele.
Acredita que há espaço para um processo de impeachment, ou é necessário deixar o presidente terminar o mandato?
Existem mais de 125 processos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro registrados e protocolados no Congresso. Aliás, é o maior número de solicitações de impeachments da história. Inúmeros crimes de fato foram cometidos, mas só cabe essa decisão ao Congresso e ao clamor das ruas, que não houve, dado a pandemia, e a necessidade de distanciamento, isolamento e uso de máscaras. Agora, com o avanço da vacinação, a população voltará às ruas e, pelo clamor das ruas, é que deverá decidir o Congresso Nacional. Se Bolsonaro resistir, será derrotado nas urnas em outubro de 2022. Ele não será reeleito presidente do Brasil.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que não dará início a um processo de impeachment. Como se comportará o PSDB diante dessa situação?
Nessas circunstâncias, vamos derrotar Jair Bolsonaro nas eleições de outubro de 2022. Aliás, derrotaremos não só Bolsonaro como o ex-presidente Lula. Nem direita nem esquerda. Nem horror nem terror. Nós vamos seguir um caminho alternativo, do PSDB.
Por isso, estamos fazendo as prévias de forma democrática, o único partido no país que está realizando primárias para definir o seu candidato. Temos quatro concorrentes, quatro pessoas de grande valor, me referindo a Tasso Jereissati, Arthur Vigílio e Eduardo Leite. O PSDB sairá fortalecido das prévias, porque o nome que vencer o sufrágio nas urnas digitais será, a partir de 21 de novembro, o candidato do PSDB às eleições de 2022 para a Presidência da República. Eu estou convicto de que esse candidato, ao vencer as prévias, estará fortalecido para o bom e construtivo diálogo com outros partidos, numa convergência do centro democrático, e estará validado pelas urnas das prévias a engrandecer esse debate e o diálogo com outros partidos. Eu entendo que o Brasil precisaria de paz, harmonia e esperança para vencer as próximas eleições em um campo diferente, que não seja o PT de Lula, ou do “não sei qual partido”, de Bolsonaro.
Todos dizem que o centro precisa estar unido para conseguir derrotar pelo menos um dos extremos e chegar ao segundo turno. Na reta, já temos um candidato do PDT, Ciro Gomes; e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, já lançou o nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Como será essa disputa, uma vez que, com três nomes do centro, dificilmente, se conseguirá fazer frente aos dois candidatos dos extremos?
Há um longo tempo ainda pela frente. As eleições só serão em outubro do ano que vem. Temos praticamente 16 meses ainda. Tempo suficiente para destilar, cristalizar e consolidar nomes que poderão convergir para um candidato. Sem pressa, sem açodamento, sem pressão, mas com diálogo e com convergência. Os nomes que você mencionou são bons, portanto, passíveis de uma conversa, mas ainda é cedo para estabelecer o grau de convergência. Até o final do ano, eu acho que teremos melhores oportunidades e melhor condição eleitoral, de pesquisas, que podem induzir e estimular partidos que promovem o centro democrático no Brasil a convergirem e dialogarem em busca de uma única candidatura, que terá chances reais de vencer Lula no segundo turno das eleições. Se estivermos fracionados, perderemos as eleições.
Assista à integra da entrevista, transmitida ao vivo na página do Correio no Facebook