PSDB disputa 450 prefeituras paulistas; sairemos fortalecidos, garante Vinholi

Entrevistas - 21/09/2020

O presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi, avalia que o partido criou condições para entrar “grande” na disputa eleitoral nas cidades do estado e que sairá dela fortalecido. Em entrevista ao Diário do Grande ABC, ele frisou que o partido lançará mais de 450 candidatos a prefeito em São Paulo. Também ponderou que não tem interesse na atual polarização. “Esse tensionamento não trouxe nada de positivo.”

Confira alguns trechos

O PSDB entra no projeto de reeleição com quatro prefeitos na região, diante das três do ‘ABC’, além do ingresso em Ribeirão Pires e, em contrapartida, saída em Rio Grande da Serra. Qual o panorama que a direção do tucanato enxerga da força do partido para a corrida eleitoral nestes redutos?
O PSDB entra muito forte nessa campanha no Grande ABC. Temos quatro grandes prefeitos aqui: Orlando Morando (São Bernardo), Paulinho Serra (Santo André), (José) Auricchio (Júnior, São Caetano) e (Adler) Kiko (Teixeira, Ribeirão Pires). Todos excelentes administradores, que nesses quatro anos cuidaram de suas cidades, as recuperaram, investiram e agora enfrentam com coragem a pandemia causada pelo coronavírus, que é o momento mais crítico e mais difícil da história recente do Brasil. Todos eles têm muito trabalho para mostrar, são homens públicos valorosos e competentes. Não tenho dúvida que nosso partido entra grande na disputa e sairá dela fortalecido.

Ao contrário das cidades nas quais o tucanato tem o comando na região, o PSDB encaminha as candidaturas sem nomes de grande expressão nas demais, como Ricardo Yoshio (Diadema) e José Roberto Lourencini (Mauá). Qual a perspectiva em relação a esses municípios?
O PSDB vem trabalhando há mais de um ano para chegar a este momento de definição de candidaturas apresentando bons nomes, pessoas com propostas claras, que façam a diferença localmente. Nossos candidatos em Mauá e Diadema seguem exatamente esses princípios e, tenho certeza que com o desenrolar da campanha vão apresentar projetos à população e vão crescer. Cito sempre o exemplo do governador João Doria, que, em 2016, era um desconhecido na política, trabalhou, se apresentou para a população, mostrou com clareza seu projeto de governo e venceu as eleições em primeiro turno. É isso que vamos fazer nessas cidades também.

Em 2016, houve a chamada ‘onda azul’, projetada com a candidatura na Capital. O senhor acredita que existe possibilidade de a candidatura de o prefeito Bruno Covas repetir feito de quatro anos atrás?
As eleições deste ano são uma incógnita para todos porque será disputa diferente de todas as outras que vivenciamos até aqui. A pandemia trouxe mudanças na rotina das pessoas e também na percepção que elas têm do que é realmente importante nas suas vidas e isso afeta a expectativa que a população tem sobre a cidade e sua administração. E nesse aspecto o prefeito Bruno Covas tem se destacado muito positivamente, porque, além de ter se mostrado gestor competente, ele tem sensibilidade social, grande capacidade de diálogo e visão de cidade que alia o desenvolvimento e o compromisso social. O Bruno é um vencedor, superou vários obstáculos na administração e também na sua vida pessoal, vencendo a Covid e já está a um passo da vitória para vencer o câncer. Não tenho dúvidas de que ele será um grande impulsionador de votos para o PSDB na Grande São Paulo e também no Interior. O Doria tem liderado esse processo fundamental no Estado e no Brasil.

Em relação ao peso do ‘bolsonarismo’, qual a sua análise sobre o impacto do presidente Jair Bolsonaro nas eleições municipais, principalmente nas sete cidades e na Capital?
Nas eleições municipais essas discussões nacionais têm peso muito reduzido porque o cidadão quer saber do buraco na rua, escola do filho, trânsito. O foco é a gestão local.

Acredita que as eleições municipais, principalmente em Capitais e cidades importantes das regiões metropolitanas, serão passo estratégico para o pleito presidencial de 2022? Atualmente, Doria é o principal nome cotado para enfrentar esse desafio?
A configuração do mapa eleitoral após o pleito é importante para a eleição presidencial, mas é um dos pontos necessários para a formatação de uma candidatura forte. Sem dúvidas o governador João Doria é o principal quadro no cenário nacional e deve liderar o centro democrático brasileiro, mas ainda é muito cedo para debater 2022. Estamos em 2020 e a eleição que nos importa hoje é a municipal e vamos colocar nela toda a nossa energia, todo o nosso foco para que saiamos fortalecidos das urnas a exemplo do que aconteceu em 2016.

O presidente do PSDB-SP e secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi

Qual a meta eleitoral do PSDB no Estado? A sigla contabiliza hoje 218 prefeitos no âmbito estadual. Há perspectiva de ampliar esse número?
Desde que a atual executiva estadual tomou posse estabelecemos plano estratégico para ter o maior número de candidaturas possíveis em 2020. Buscamos lideranças, dentro e fora do PSDB, reorganizamos diretórios e chegamos nessa reta final de definição de candidaturas com um recorde de nomes disputando prefeituras. Serão mais de 450 candidatos a prefeito, 100 deles vindos dos movimentos de jovens, mulheres e negros. Teremos cerca de 10 mil candidatos a vereador, maior número desde a fundação do partido. Estamos trabalhando com objetividade para transformar esses grandes números em resultado eleitoral em novembro.

Apesar das particularidades de discurso de cada cidade – frente aos problemas locais –, o PSDB sugere alguma diretriz sobre qual bandeira pode levantar nesta eleição visando criar uma identidade partidária?
O PSDB tem uma história e 25 anos de governo do Estado para servir de exemplo para nossos candidatos. Defendemos bandeiras claras de parcerias com a iniciativa privada, que no governo do Estado se traduziram nas Organizações Sociais de Saúde, nas concessões de rodovias, nas PPPs de mobilidade urbana. Defendemos rede de proteção social que atenda aos mais desfavorecidos, com programas como o Bom Prato, os abrigos e programas de emprego para os sem-teto, programas de qualificação profissional, entre outras bandeiras. Mas sobretudo, defendemos um ambiente democrático e plural, com respeito às instituições, à Constituição, às minorias. Esse é um valor inalienável sobre o qual não negociamos em hipótese alguma.

A pandemia trouxe impacto aos governos como um todo. Qual a lição que o senhor tira desta crise sanitária, que ainda continua no País, e como esse cenário pode ecoar no período eleitoral do ponto de vista político?
Esse período de pandemia, que ainda não acabou, tem nos dado várias lições. Primeira delas é a falta que faz governos competentes e equilibrados em um momento de crise. O Brasil poderia ter salvado milhares de vidas não fosse negacionismo e inação do presidente Jair Bolsonaro. A economia do País teria afundado ainda mais e famílias estariam morrendo de fome hoje se o Congresso não tivesse peitado a decisão do presidente de conceder benefício assistencial de apenas R$ 200. Se hoje as famílias recebem R$ 600 foi graças aos deputados, não ao presidente Jair Bolsonaro. A pandemia também escancarou as diferenças sociais do nosso País, o abismo que há entre as periferias e os bairros de classe média e alta. E a pandemia também trouxe desafio extra aos governantes na questão da gestão, já que criou deficits orçamentários que terão de ser sanados a partir do ano que vem sob pena da máquina pública parar. Os efeitos políticos da pandemia com certeza serão sentidos nas eleições deste ano, mas não se encerrarão em 2020.

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21/09/2020