Escândalo da Casa Civil: cai a chefe
A ministra-chefe Erenice Guerra não resistiu às evidências de negociatas nos gabinetes do seu ministério
A ministra-chefe Erenice Guerra não resistiu às evidências de negociatas nos gabinetes do seu ministério
Brasília (16) – Erenice Guerra, braço-direito da candidata do PT à Presidência teve que pedir para sair nesta quinta-feira. A sucessora de Dilma Rousseff, com quem trabalhou desde quando esta foi ministra de Minas e Energia, não resistiu às denúncias de uma central de tráfico de influências instalada na Casa Civil.
As evidências, publicadas na imprensa, apontam a participação de seu filho, Israel Guerra. Para o deputado Gustavo Fruet (PR), líder da minoria na Câmara, a queda da ministra não pode ser tratada como o fim do problema.
“A demissão é só o começo da investigação. Não podemos deixar de apurar os fatos com seriedade e transparência”, afirma.
Fruet destaca que o afastamento reforça a existência de esquema de lobby. “É preciso ficar atento, pois o governo quer esfriar os fatos. Além disso, pela primeira vez nesse governo, eu vi um Procurador-Geral da República fazer uma declaração contundente. Esse episódio só reforça a proximidade de Erenice Guerra com Dilma Rousseff.”
De acordo com a revista Veja, a ex-ministra faria parte de esquema intermediado pelo seu filho, Israel Guerra, e teria ajudado uma empresa do setor aéreo a fechar contrato em termos favorecidos com os Correios.
Na corda-bamba, Erenice viu sua situação se complicar com nova denúncia, publicada pela Folha de S. Paulo nesta quinta-feira. Segundo o jornal, uma empresa de Campinas acusa o filho de Erenice de cobrar dinheiro para obter liberação de empréstimo no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Hoje pela manhã, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), divulgou nota à imprensa pedindo o desligamento da ministra. “As investigações sobre as crescentes denúncias envolvendo a ministra Erenice Guerra, seus familiares, ex-familiares, assessores e ex-assessores, não podem ser feitas com a atual ministra no cargo, seu afastamento é essencial e deve ser imediato”, afirma a nota.
Erenice Guerra é o segundo ministro a deixar a Casa Civil após denúncias de corrupção. O precursor foi o deputado cassado José Dirceu (PT). Em 2005, ele deixou o comando da pasta ao ser apontado como o mentor do escândalo de pagamento de propina a parlamentares da base de apoio do governo federal. Hoje, Dirceu é braço-direito de Dilma Rousseff na campanha à Presidência da República.