Esquema da Casa Civil mostra modo petista de governar
Para Vellozo Lucas, elegendo Serra o povo brasileiro pode dar um basta nisso
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Brasília (14) – A denúncia de uma central de lobby na Casa Civil, comandada pela ministra-chefe Erenice Guerra, trouxe à tona uma série de irregularidades no quarto andar do Palácio do Planalto. O assunto estourou no fim de semana, quando a revista Veja revelou que a ministra teria atuado para viabilizar negócios nos Correios intermediados por uma empresa de consultoria de propriedade de seu filho Israel Guerra. Erenice substituiu a ex-ministra Dilma Rousseff com quem já trabalhava antes da transferência desta para a Casa Civil.
Para o deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), o PT montou uma “máquina de guerra” para se perpetuar no poder. “O PT não se comporta de forma pacífica. Em 2002, o presidente Fernando Henrique Cardoso realizou uma transição tranquila, digna de um estadista. Não podemos dizer que ocorre o mesmo nessas eleições”, critica. “Eles utilizam o poder de todas as maneiras, oferecendo pedaços do estado para aliados. É um repertório infindável”.
Israel, sócio da Capital Assessoria e Consultoria, fez lobby para ajudar a MTA Linhas Aéreas a obter a renovação de uma concessão da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Veja aponta que a Capital recebia 6%, a título de propina, do valor dos contratos que eram assinados. Com a transação, a companhia aérea assinou contrato em condições privilegiadas com os Correios.
Fora o esquema de lobby, Israel ainda usou a estrutura da Casa Civil para se defender. Na última sexta-feira, ele encaminhou resposta à revista. O texto teria sido revisado em computador do Palácio do Planalto. O filho da ministra teria repassado o texto para Vinícius Castro, assessor jurídico da Casa Civil exonerado nessa segunda-feira. Vinícius, de acordo com Veja, era parceiro de Israel nas atividades de lobby.
Nesta terça-feira, outros assuntos envolvendo Erenice Guerra foram levados ao público. De acordo com o jornal O Globo, a ministra foi sócia direta de duas empresas enquanto ocupava a função de consultora jurídica do Ministério de Minas e Energia e de secretária-executiva da Casa Civil, a partir de 2003. Ela foi dona da Razão Social Confecções e da Carvalho Guerra e Representações, firmas com sede em Brasília.
Erenice era sócia das empresas desde 1994. Só se afastou em março de 2007, para se tornar braço-direito da presidenciável Dilma Rousseff, quando esta deixou o Ministério de Minas e Energia para assumir a Casa Civil que estava sob o escândalo do mensalão com o ex-ministro José Dirceu. A participação de altos funcionários públicos em empresas privadas deve obrigatoriamente ser comunicada à Comissão de Ética da Presidência.
O Globo afirma que a assessoria da ministra não revelou se ela cumpriu as normas estabelecidas pela Comissão de Ética. As empresas, que permanecem ativas, hoje estão em nome de Gabriela Pazzini e Antônio Eudacy Alves Carvalho, irmão da ministra, que, sob sua indicação, frequentou os quadros de comissionados da Infraero até 2007.
A Casa Civil ainda interferiu em outros ministérios. Como mostra a Folha de S. Paulo, na edição desta terça-feira, o órgão solicitou carta de apresentação ao Itamaraty para que José Roberto Campos, marido da atual ministra, viajasse ao exterior representando uma empresa privada em 2007, ano em que Dilma Rousseff era a titular da pasta.