Ex-governador petista, Agnelo Queiroz vira réu por aumento de salário indevido
O ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT) e sua última secretária de Saúde, Marília Coelho Cunha, se tornaram réus em um processo de improbidade administrativa. A dois dias do fim do mandato do petista, em 2014, a gestora assinou uma portaria que permitia dobrar a jornada de trabalho de 20 para 40 horas do dirigente no seu cargo original de médico cirurgião na administração pública. De acordo com matéria do jornal Bom Dia DF, da TV Globo, com a mudança, Agnelo passou a receber, em média, R$ 22 mil por mês no período em que esteve de licença-prêmio – janeiro e agosto do ano passado.
O Tribunal de Justiça acatou a denúncia do Ministério Público por entender que houve aumento de salário indevido e prejuízo aos cofres públicos. Segundo o tribunal, chama a atenção o fato de o ex-governador não ter feito um pedido oficial para o aumento na carga de trabalho e o ato não ter sido publicado no Diário Oficial na época.
O deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF) classificou como “absurdo” o artifício usado pelo petista para aumentar o seu próprio salário e disse estar correta a posição do TJ em aceitar a denúncia. “Agora, essa atitude dele é mesquinha, usar esse mecanismo para aumentar o salário é uma coisa absurda. Realmente isso é indevido porque não usava essa carga para trabalhar e fez propositalmente para usar no período de licença, já com o salário maior. Foi uma boa medida do TJ e eu espero que ele devolva não só isso, mas também das outras áreas. Ele acabou com a saúde em função da má gestão, mas também pelo excesso de corrupção que foi instalada na máquina do DF.”
Para o tucano, a denúncia, inclusive, não representa nada se comparada à ineficiência e aos prejuízos deixados por Agnelo para o governo do Distrito Federal. “Deu um prejuízo muito grande no DF, [além de] enriquecimento ilícito dele e da sua família. Provamos isso em várias denúncias que fizemos, como na auditoria do Segundo Tempo e, agora, a questão do estádio. O que mais fizeram no governo Agnelo foi assaltar o Distrito Federal, como fizeram no governo federal.” Izalci se refere ao superfaturamento de R$ 431 milhões nas obras do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, além da auditoria feita pelo tucano nos contratos do programa Segundo Tempo que aponta desvio de dinheiro na época em que Agnelo era ministro do Esporte.
Segundo o jornal, Agnelo se mudou para Brasília em 1980 para fazer residência médica em cirurgia-geral, mas sua vida política iniciou já em 1990, quando se afastou dos hospitais. Com baixa popularidade, ele não chegou nem ao segundo turno das eleições de 2014. O final da gestão do petista à frente do DF ocorreu em meio a uma crise administrativa, com atrasos de pagamentos de servidores e de repasses nas áreas de saúde, educação e transporte, suspensão de serviços públicos, dívidas com fornecedores, além de um rombo de R$ 3,8 bilhões nos cofres públicos.
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