Ex-ministra da Casa Civil desmente versão petista do escândalo
Para Fruet, contradição impõe investigação aprofundada
Para Fruet, contradição impõe investigação aprofundada
Brasília (26) – A ex-ministra Erenice Guerra desmontou a versão sustentada pelo Palácio do Planalto a respeito de um esquema de tráfico de influência instalado na Casa Civil, avaliou o deputado Gustavo Fruet (PR). Em depoimento à Polícia Federal, Erenice admitiu, pela primeira vez, ter se encontrado com empresários do setor de energia interessados em obter empréstimo junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Erenice – braço direito da candidata à Presidência Dilma Rousseff – confirmou ainda dois encontros com o empresário Fábio Baracat, da Master Top Airlines (MTA), que buscava a renovação de contratos milionários com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), os Correios. Os episódios custaram o cargo da ex-ministra.
“São indícios que justificam uma investigação aprofundada, séria e isenta”, afirmou Fruet. “O depoimento conflita novamente com a versão oficial. Primeiro, fica claro que existe uma contradição nas duas versões e, principalmente, existe uma contradição no fato ocorrido.”
Em ambas as transações, os empresários procuraram a Capital Consultoria, administrada por Israel Guerra, filho da ex-ministra, para viabilizar negócios com a administração federal. Porém, Erenice afirmou que desconhecia a existência da consultoria do seu filho, que cobrava “taxa de sucesso” das empresas interessadas em fechar contratos com o governo.
No caso do empréstimo, o contrato estava orçado em R$ 9 bilhões. Israel Guerra teria intermediado a concessão mediante cinco parcelas de R$ 40 mil e uma taxa de sucesso de 5% do valor total do negócio, conforme denunciou a revista Veja. Como a empresa do setor de energia se recusou a aceitar os termos propostos, a operação não se concretizou.
Durante o depoimento, segundo o Estado de S. Paulo, Erenice disse que participou só da primeira parte da reunião, “salvo engano entre vinte e trinta minutos”, em novembro de 2009, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – à época sede provisória da Presidência. Porém, ela disse desconhecer qualquer transação com o banco de fomento, intermediada por sua pasta.
O depoimento desmente, inclusive, a versão apresentada pela ex-ministra, quando ela ainda ocupava o segundo cargo mais importante da República, conforme costumam dizer os petistas. Há cerca de um mês, a Casa Civil divulgou que a reunião fora feita pelo assessor Vinícius Castro, sem a participação de Erenice – versão sustentada pelo governo até hoje.
Assessora mais próxima de Dilma desde a transição de governos, Erenice era secretária-executiva da candidata quando recebeu no Planalto os empresários que negociavam contrato com a empresa de lobby dos filhos dela e de assessores da Casa Civil, incluindo Vinícius Castro, sócio de Israel.