Exoneração de diplomata que divulgou tese de golpe foi necessária, diz deputado

Acompanhe - 15/06/2016

Brasilia-Encontro Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (PMA/ONU), Josette Sheeran, e o chefe da Coordenação-Geral de Ações Internacionais de Combate à Fome, do Ministério das Relações Exteriores, (CGFOME/MRE), Milton Rondó Filho, dão entrevista coletiva.

Brasília (DF) – O Ministério das Relações Exteriores exonerou, nesta terça-feira (14), o diplomata Milton Rondó Filho do cargo de coordenador-geral de ações internacionais de combate à fome. Rondó foi o responsável por enviar, em março deste ano, sem autorização superior, um comunicado às embaixadas brasileiras no exterior para que as representações falassem a outros países que haveria um “golpe” contra a presidente afastada Dilma Rousseff no Brasil.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo desta quarta (15), em duas circulares emitidas à época, Rondó pediu que os postos designassem um servidor para “apoiar o diálogo” entre o Itamaraty, a sociedade civil brasileira e a sociedade civil estrangeira, e retransmitissem mensagens de organizações brasileiras contra o processo do impeachment.

Para o deputado federal Paulo Martins (PSDB-PR), o discurso de golpe mantido pelo diplomata era “partidário” e a perda do cargo foi “positiva” e “necessária”. “Seria muito ruim se acontecesse diferente. O que ele [Rondó] fez foi de extrema gravidade, usando de seu posto de diplomata, da responsabilidade e do trânsito que tem para cumprir uma agenda partidária, e não de Estado”, criticou.

Segundo a publicação, um dos comunicados de organizações retransmitidos inicia pedindo por “resistência democrática”, “conclama a sociedade para a luta conjunta pela democracia” e termina com “não ao golpe! Nossa luta continua!”. Logo após a emissão das circulares, o próprio Itamaraty enviou uma mensagem aos postos pedindo para que as mensagens de Rondó fossem desconsideradas.

Já sob a direção do ministro das Relações Exteriores José Serra (PSDB-SP), o Itamaraty enviou nova circular a embaixadores brasileiros no mundo todo com instruções para “combater ativamente” acusações de que o processo de impeachment de Dilma tenha sido “golpe”.

Na avaliação de Martins, além de distorcer suas funções, o diplomata tentou jogar a comunidade internacional contra o Brasil. “As pessoas sabiam claramente que o que estava acontecendo aqui era apenas o Cumprimento da constituição, das nossas próprias leis, tudo em concordância com o Supremo Tribunal Federal (STF). Enfim, a meu ver, Rondó cometeu um crime de traição”, ressaltou.

O jornal informa ainda que, de acordo com o Ministério, a saída do diplomata do cargo foi uma “substituição natural de um ocupante de cargo de confiança, e da movimentação habitual de membro do serviço exterior brasileiro”. O Itamaraty disse que “a administração designará nova função para o servidor”.

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15/06/2016