Governador do DF não convence e sai enfraquecido de depoimento em comissão de inquérito
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), não conseguiu explicar sua relação e a de funcionários do governo com o contraventor Carlos Cachoeira. Em depoimento nesta quarta-feira (13) na CPI que investiga a atuação do bicheiro, o petista chegou a colocar seus sigilos à disposição, mas não esclareceu encontro com o empresário.

Brasília – O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), não conseguiu explicar sua relação e a de funcionários do governo com o contraventor Carlos Cachoeira. Em depoimento nesta quarta-feira (13) na CPI que investiga a atuação do bicheiro, o petista chegou a colocar seus sigilos à disposição, mas não esclareceu encontro com o empresário. Ele não convenceu sobre aditivos em contrato do GDF com a Delta nem sobre o sumiço de documentos assinados por ele na diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O deputado Fernando Francischini (PR) lamentou as respostas vazias de Agnelo. O tucano questionou um aditivo no contrato de R$ 151 milhões com a Delta para prestação de serviços de limpeza urbana. O valor saltou para R$ 378 milhões neste ano, mesmo após 17 meses de investigação e da constatação de que os serviços prestados eram ruins. O governador disse apenas que o incremento foi para a empresa reajustar os pagamentos de servidores.
Francischini afirmou que teve acesso a duas sindicâncias da Anvisa para apurar supostas fraudes. “Nas duas, o governador alegou não ter como prever que o corpo técnico cometeu irregularidades graves e foi inocentado”, destacou. “Mas, em ambas, os documentos com as assinaturas do governador desapareceram”, completou. Agnelo não soube explicar o sumiço. O caso levou o corregedor da agência a abrir procedimento disciplinar com pena de demissão a funcionários, sendo que alguns deles foram doadores da campanha do petista ao GDF.
O parlamentar questionou Agnelo sobre a compra de prédio na região de Vicente Pires, em Brasília, por um filho de seu ex-chefe de gabinete Claudio Monteiro. O tucano sugeriu ao governador que a Secretaria de Transparência do DF apure se o rapaz, de pouco mais de vinte anos, tinha condições de adquirir o imóvel. Agnelo saiu em defesa de Claudio Monteiro, seu amigo há mais de 20 anos, e afirmou desconhecer ações de seu filho.
Monteiro é citado em gravação da Operação Monte Carlo em conversa com pessoas ligadas a Cachoeira. Após a divulgação dos áudios, ele se afastou do cargo. As interceptações da Polícia Federal apontam ainda que ele teria recebido um dos aparelhos celulares via rádio comprados por Cachoeira e distribuídos a membros da organização. Agnelo disse que Monteiro negou ter recebido o celular. O petista disse não conhecer o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu, mas confirmou que Monteiro disse ter se encontrado duas vezes com ele.
Além de se enrolar na tentativa de explicar a compra de uma casa em 2007, o governador não esclareceu quem o convidou para ir à empresa Vitapan, de Carlos Cachoeira, durante o período que dirigiu a Anvisa. O deputado Carlos Sampaio (SP) insistiu em obter a resposta, mas o govenador disse apenas que o convite foi feito pela empresa.
“A empresa é pessoa jurídica, não fala”, rebateu o tucano, ao destacar que alguém fez o convite em nome da companhia. Agnelo se alterou e recusou-se a responder. “Será que ele tem vergonha de dizer quem foi?”, questionou Sampaio. Agnelo confirmou que nessa visita à Vitapan teve um encontro com Cachoeira, mas não deu detalhes.
Sampaio afirmou que apresentará requerimento pedindo o sigilo das gravações de vídeo do hotel Brasília Alvorada, antigo Blue Tree, e do edifício Gilberto Salomão, onde o governador pode ter se encontrado com o bicheiro. O tucano lembrou que a postura do petista em relação à legalização dos bingos mudou. Em 2003, à frente do Ministério do Esporte, Agnelo indicou Claudio Monteiro para representar a pasta em comissão interministerial que estudaria a legalização proposta por decreto do então presidente Lula. À CPI, o governador afirmou ser contra a regularização.
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