Governo antecipa divulgação do Plano Safra para criar “fato positivo” a Dilma

Acompanhe - 27/04/2016

O Ministério da Agricultura decidiu antecipar o anúncio do Plano Safra 2016/2017 para o próximo dia 4 de maio.  A mudança aconteceu de forma inesperada e surpreendeu até mesmo os próprios integrantes do governo, em meio à provável saída da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, caso a presidente Dilma Rousseff seja impedida pelo Congresso Nacional de continuar no poder, como revela reportagem publicada pelo jornal Valor Econômico nesta quarta-feira (27).

Segundo o jornal, muitas entidades do setor ainda estão finalizando suas propostas para o plano e as negociações entre os ministérios da Agricultura e da Fazenda vêm acontecendo em ritmo lento e em caráter técnico, o que não justificaria a antecipação da divulgação do plano. A mudança da data teria como objetivo criar um fato positivo para o governo Dilma, numa estratégia para desviar o foco da discussão do impeachment da presidente que tramita no Senado Federal.

Para o agrônomo e deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP), essa é mais uma tentativa do governo de desviar a atenção do impeachment. “Pode até haver a tentativa. O esforço hercúleo de um governo decadente e moribundo, capaz de tomar qualquer atitude para chamar a atenção da sociedade para encobrir os danos que eles causaram para todo o povo brasileiro de corrupção, de inflação, de desemprego. Mas não vai ser isso que vai salvar a presidente Dilma, não”, afirmou.

Em meio à crise fiscal, ainda há incertezas em relação à capacidade do Tesouro de garantir recursos para subsidiar o crédito rural no país. O próximo Plano Safra não apresenta mudanças estruturais, mantendo os mesmos patamares de taxas de juros e investimentos.  Duarte Nogueira aponta que o governo Dilma não tem investido no setor de agricultura.

“O que move a agricultura é a estabilidade e o planejamento. O que tinha que ser feito e que tinha sido prometido por esse governo e não foi cumprido, mais uma promessa enganosa, é que nosso Plano Safra teria que ter médio e longo prazo. Fica todo ano anunciando o Plano Safra e cada ano entra uma frustração em torno de garantir mais recursos e mais do que isso, não é só o recurso, é a taxa de juros.”

Os representantes de associações de produtores se queixam de não conhecer o conteúdo do novo programa. A Confederação Nacional da Agricultura, entidade que a ministra Kátia Abreu é licenciada, também informou que não irá à cerimônia de apresentação do plano, pois as instituições do setor não foram consultadas previamente.

X
27/04/2016