Governo deve explicações sobre compra do PanAmericano
Após operação com a Caixa, ex-diretores do banco privado compraram empresa fantasma
Após operação com a Caixa, ex-diretores do banco privado compraram empresa fantasma
Brasília (16) – O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Azeredo (MG), condenou as denúncias envolvendo o Banco PanAmericano e cobrou explicações sobre negócios do governo federal com a instituição. “O governo deve explicações à sociedade brasileira sobre a operação de compra de um banco a um passo da falência.”
No fim de semana, a Folha de S. Paulo revelou novo esquema fraudulento relacionado à instituição financeira privada. Ex-diretores do PanAmericano, segundo a reportagem, “compraram” empresas fantasmas pouco tempo depois da Caixa Econômica Federal adquirir 35,54% do PanAmericano, por R$ 739,3 milhões, no final do ano passado.
Pelo esquema montado pelos ex-diretores, uma empresa era criada somente no papel com capital mínimo de R$ 100. Em seguida, com cerca de dois meses da formalização, ela era transferida para outras pessoas. Em determinadas situações, alterava-se ainda o nome da empresa.
A Razak Empreendimentos – hoje com nome de Bob Rik Serviços Administrativos – e a Antillas Empreendimentos e Participações – transformada em Lagonegro Empreendimentos – são exemplos do esquema. As empresas foram criadas por Ivan dos Santos Freire e Valdison Amorim dos Santos, que abriram cerca de 50 empresas de R$ 100 nos últimos três anos.
Para Azeredo, a operação de compra veio beneficiar exclusivamente o banco controlado pelo Grupo Silvio Santos. “O governo federal realizou uma operação em condições positivas ao PanAmericano”, disse. “Será que houve troca de interesse? A quem a operação interessava? Como um banco praticamente falido pode interessar ao governo federal?”, questionou.
De acordo com a Folha, oito diretores afastados do banco abriram ou adquiriram participação em ao menos 11 empresas. As companhias pertencem a setores como promoção de vendas ao segmento imobiliário, processamento de pagamentos on-line feitos com cartão de crédito, etc.
O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) estranhou o fato de o governo federal desconhecer as manobras contábeis, na época da compra do PanAmericano. “O esquema de fraude ocorre há quatro anos, mesmo assim a Caixa Econômica não detectou as manobras contábeis e comprou um banco recheado de problemas. Trata-se de um esquema estranho e mal contado”, criticou.
OPERAÇÃO SUSPEITA
Há dois meses, o Banco Central detectou fraudes contábeis nas atividades do banco, que operava quase que exclusivamente como financeira. O grupo controlado pelo empresário Silvio Santos vendeu carteiras de crédito para outros bancos, mas continuou contabilizando esse bem no seu patrimônio. O valor do rombo chegou a R$ 2,5 bilhões.
O PanAmericano recorreu ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) – um fundo mantido pelos próprios bancos para cobrir perdas de correntistas em caso de quebra de alguma instituição.