Governo monta operação para abafar violação de dados fiscais

Para Eduardo Jorge, o governo montou uma “operação abafa” para protelar investigação na Receita

Acompanhe - 02/09/2010

Para EJ, Receita sabia do acesso ao Imposto de Renda de Verônica Serra

Brasília (02) – Em entrevista coletiva à imprensa, o vice-presidente executivo do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, afirmou nesta quinta-feira que o governo federal montou uma “operação abafa” para protelar a operação aberta pela Receita Federal para apurar a violação dos dados fiscais de Verônica Serra, filha do candidato tucano à Presidência, José Serra (SP).

“Claro que existe uma operação abafa do governo. Todos os procedimentos que poderiam ser tomados rapidamente levam um tempo exagerado. E medidas que deveriam ser adotadas com mais empenho, são feitas de qualquer maneira”, disse.

Eduardo Jorge está convencido que as autoridades do Fisco já sabiam da quebra dos dados fiscais de Verônica Serra antes de a imprensa levar a público nesta semana o crime, o que comprovaria a operação para blindar a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. “Os autos demostram que segunda-feira, 30, a funcionária responsável (Lúcia Fátima Gonçalves Milan) já estava notificada pela Receita Federal como acusada pelo acesso indevido.”

Na sexta-feira, a Receita concedeu uma entrevista que admitia o vazamento de dados de outras pessoas próximas ao partido. De acordo com a instituição, tiveram os dados violados o próprio vice-presidente tucano, o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregório Marin Preciado.

Porém, o Fisco só confirmou o acesso à declaração de renda de Verônica após a imprensa levar o fato a público, no início da semana. Os dados foram acessados em 30 de setembro do ano passado na unidade da Receita Federal em Santo André (SP). E a declaração foi entregue a Antonio Caros Atella Ferreira, que apresentou uma falsa procuração de Verônica.

Eduardo Jorge está insatisfeito com a forma como o Fisco conduz a investigação dos responsáveis pela violação de dados fiscais de pessoas próximas ao PSDB. Para ele, é preciso uma apuração completa, com os responsáveis pela violação, o mandante da operação e qual o uso político que se pretendia ao quebrar os sigilos das declarações de Imposto de Renda.

No final da coletiva, ao ser questionado sobre projetos de lei em tramitação no Senado que destina mais poderes à Receita Federal, Eduardo Jorge disse ainda que é preciso discutir no Congresso os poderes, os limites e os mecanismos de controle da Receita Federal.

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02/09/2010