Governo mostrou-se inidôneo na compra do PanAmericano
As fraudes na instituição vinham ocorrendo antes da compra feita pela Caixa
As fraudes na instituição vinham ocorrendo antes da compra feita pela Caixa
Brasília (11) – O deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES) afirmou nesta quinta-feira que o governo federal errou ao comprar parte do Banco PanAmericano, um grupo privado que, segundo ele, “se mostrou inidôneo”. A instituição financeira, na avaliação do Banco Central, cometeu fraudes contábeis no balanço do ano passado.
“O governo PT protegeu o crime, usando dinheiro público para socorrer um grupo privado que se mostrou inidôneo”, lamentou. No ano passado, a Caixa Econômica Federal comprou 49% do controle e ficou com 36,56% do total das ações da instituição privada – operação no valor de R$ 739 milhões, realizada por intermédio da Caixa Participações (Caixapar). O Grupo Silvio Santos tem 37,6% de participação.
Após a divulgação da fraude, as ações do Banco Panamericano perderam ¼ do seu valor no último mês: saíram de R$ 9,01 para R$ 6,77. O que pode significar uma perda de 25% no valor do investimento feito pela Caixa.
As atividades do banco, que operava quase que exclusivamente como financeira, pareciam normais, mas o Banco Central detectou fraudes contábeis. O grupo controlado pelo empresário Silvio Santos, do SBT, vendeu carteiras de crédito para outros bancos, mas não contabilizava as vendas. O valor do rombo chegou a R$ 2,5 bilhões.
Com a manobra, capaz de levá-lo à falência, o PanAmericano recorreu ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) – um fundo mantido pelos próprios bancos para cobrir perdas de correntistas em caso de quebra de alguma instituição. Nesta quarta-feira, fechada a transação, o Fundo anunciou o empréstimo dos R$ 2,5 bilhões, mesmo o PanAmericano não sendo um banco caracterizado por manter contas correntes.
CEGUEIRA ADMINISTRATIVA
O líder da minoria da Câmara, deputado Gustavo Fruet (PR), lembrou que a manobra foi descoberta um mês antes das eleições, mas ficou abafada até esta semana. “Como a Caixa não viu essas fraudes contábeis quando comprou 49% do banco? Antes de uma operação dessa natureza é feita uma varredura nas contas e mesmo assim a Caixa nada viu?”, estranhou.
Para Vellozo Lucas, o negócio mostra ainda a “promiscuidade” do governo petista com determinadas empresas privadas, pois o mesmo grupo Silvio Santos controla uma televisão. “Durante a campanha, a emissora montou uma fraude sobre a agressão sofrida pelo candidato José Serra, no Rio”, recordou. “Exatamente no momento que se negociava o empréstimo.” A emissora de Silvio Santos montou uma versão – já desmentida – dizendo que o tucano foi atingindo por bolinha de papel.
PREJUÍZO
Em função da fraude contábil, noticiada nesta semana, as ações do banco privado frequentaram o topo da lista das maiores perdas registradas no pregão da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), nessa quarta. Gustavo Fruet afirma que a queda desmente a justificativa do Banco Central, que afirmou que a operação de socorro não envolveu dinheiro público. “Primeiro, a Caixa Econômica comprou parte do banco privado a um custo de R$ 739 milhões. Se as ações despencam, é claro que o governo perde dinheiro”, avalia.
INVESTIGAÇÃO
Nessa quarta-feira, o líder e o vice-líder da Minoria na Câmara, Gustavo Fruet (PR) e Luiz Carlos Hauly (PR), respectivamente, apresentaram representação junto ao Ministério Público Federal pedindo a investigação e adoção de providências a respeito de eventuais irregularidades praticadas pelo Banco Panamericano e pela Caixa Econômica Federal (CEF).