Governo repete erros com pacote de crédito de R$ 83 bilhões, adverte consultoria britânica
O pacote de crédito de R$ 83 bilhões anunciado pelo governo na semana passada foi alvo de duras críticas da consultoria britânica Oxford Economics, segundo reportagem do jornal Correio Braziliense. Em relatório publicado nesta terça-feira (2), a empresa afirmou que, com a medida, o Brasil volta a cometer os mesmos erros que causaram a recessão econômica enfrentada atualmente pelo país. A análise feita pela instituição é mais um aviso sobre os equívocos do governo, na visão do deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).
“A presidente interfere na economia e torna as medidas inócuas. Abrir crédito com as pessoas devendo, com as empresas inadimplentes, com o PIB recuando cerca de 4% no ano, é um círculo negativo. Essa medida não vai resolver a situação. Todas as agências que avaliam as economias dos países alertam sobre a escalada de erros da economia brasileira”, avaliou.
O chefe de Pesquisa Macroeconômica da Oxford para a América Latina, Marcos Casarin, ressaltou no documento que a injeção de R$ 83 bilhões em forma de crédito não fará o país retomar o crescimento, pelo contrário. “Certamente (as medidas) causarão mais danos às finanças públicas, algo que o Brasil não pode mais se dar ao luxo”, afirmou.
Casarin salientou também que o pacote anunciado pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, segue a mesma orientação da “nova matriz econômica” implantada no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Para ele, as medidas adotadas entre 2011 e 2014 foram responsáveis por derrubar os investimentos e enfraquecer a indústria brasileira. Para o deputado Hauly, a insistência de Dilma neste modelo é prova de seu despreparo. “Eu tenho até dó do Nelson Barbosa, como tive do Joaquim Levy também, porque os dois são bem-intencionados, mas a comandante deles, a Dilma, é quem decide, e ela se mostra despreparada”, criticou.
Novo rebaixamento
A Oxford Economics não foi a única instituição internacional a criticar a política econômica conduzida pelo governo Dilma. A agência de classificação de risco Moody’s deve repetir o que já fizeram Standard & Poor’s e Fitch e retirar o selo de bom pagador do Brasil. Representantes da instituição já estão no país e o novo rebaixamento é iminente. Um dia antes do desembarque no Brasil, a agência criticou as medidas adotadas pelo governo para estimular a economia usando instituições públicas. Em tom de brincadeira, Hauly comentou a vinda da agência ao Brasil. “Só me resta plagiar o Mussum: eles chegaram Moody’s e não sairão calados”. O parlamentar completou: “Qualquer agência que vier ao Brasil analisará os dados e perceberá que não há luz no fim do túnel e que o país não tem nenhuma credibilidade”.