Guerra de gangues em BH é o retrato do descaso do PT com a segurança pública em Minas
Uma das maiores autoridades brasileiras em segurança pública, o sociólogo Cláudio Beato, coordenador-geral do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que a falta de projeto do governo estadual do PT está deixando a população mineira sem rumo na área de segurança pública. “Nós estamos dentro de uma nau que não tem projeto, não tem nenhuma direção mais adequada para saber como lidar com os graves problemas de segurança que, provavelmente, vão se tornar piores ainda”, lamentou o sociólogo, em entrevista à rádio Itatiaia, ao comentar a guerra de gangues que está acontecendo há mais de uma semana no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte.
Cláudio Beato afirmou que está havendo um retrocesso no estado, com projetos exitosos implantados pelos governos do PSDB sendo abandonados pelo governador Fernando Pimentel, do PT. Para o sociólogo, há uma clara falta de orientação em relação ao que as polícias estão fazendo. “Aparentemente, cada uma está fazendo uma coisa separada da outra e não compartilham dados de inteligência”, afirmou.
O coordenador-geral do CRISP lembrou ainda que muitos desses problemas de segurança, como a guerra entre gangues pelo tráfico de drogas em vilas e aglomerados, haviam sido superados em Minas Gerais e que, agora, com a ausência de uma política clara para o setor, estão retornando com força. “Nós voltamos para o que era há 20 anos, tendo duas polícias completamente divorciadas entre si e que são incapazes de planejar uma ação conjunta e trocar dados sobre o que está acontecendo, por exemplo, no Aglomerado da Serra. Isso deve estar refletindo em outros locais”, alertou. Os traficantes chegaram a proibir a atividade no centro de saúde Cafezal, que integra o Aglomerado da Serra.
Cláudio Beato encerrou a entrevista afirmando que, exatamente em função da escassez de recursos, é preciso que o governo do Estado passe a adotar algum planejamento, visando a segurança da população. “Nós precisamos ter capacidade técnica e não estamos tendo. Nós temos na liderança da segurança pública pessoas que não são profissionais da segurança pública, não conhecem o problema. É justamente isso que a gente precisaria restaurar, além de retomar alguns projetos bem-sucedidos em relação à integração das polícias que foram bombardeados por algumas entidades corporativas e que foi um erro”, ressaltou o especialista.
O sociólogo Cláudio Beato é das maiores autoridades brasileiras na área de segurança pública