Inflação atinge dois dígitos em Belo Horizonte

Acompanhe - 06/08/2015

dinheiro_calculadora-economia EBCPublicado no Estado de Minas – 06-08-15

A alta generalizada dos preços, está sufocando o custo de vida. A inflação em Belo Horizonte, medida pela Fundação Ipead/UFMG atingiu 10,14% no acumulado dos 12 meses encerrados em julho, estourando com muita folga o teto da meta do governo, de 6,5% ao ano. Essa é a primeira vez em 11 anos e nove meses que o custo de vida chega aos dois dígitos, sinalizando um segundo semestre de muita pressão no orçamento das famílias. Se o reajuste de R$ 0,30 anunciado pela prefeitura da capital para as tarifas de ônibus, for confirmado, o aumento deve contribuir para a disparada do índice. O peso da correção das passagens no IPCA será de 0,26 pontos percentuais, segundo cálculos da Fundação Ipead.

No fechamento do mês, a alta da inflação foi de 0,68% na capital, configurando o pior julho, dos últimos 13 anos. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mede a inflação para as famílias com renda de um a 40 salários-mínimos. “No acumulado do ano até julho, a inflação está em 7,51%, e, nesse período, também já rompeu o teto da meta”, alerta o superintendente de pesquisas e projetos da Fundação Ipead, Renato Mogiz.

Se no mês anterior o reajuste dos planos de saúde, da ordem de 13,5%, inflou o percentual, em julho o dragão atacou em várias frentes. Renato Mogiz explica que a alta não foi pressionada por  algum ítem específico, mas veio generalizada. Dentre os 11 itens agregados que compõem o IPCA, os maiores destaques foram as altas de 2,52% para os alimentos de elaboração primária e 1,72% para bebidas em bares e restaurantes. Nesse panorama de preços altos por todos os lados, contribuições vieram da refeição fora de casa, com preços 0,55% maiores no mês, o pãozinho francês também encareceu 2,85%. A inflação se estende para o grupo de despesas pessoais da população, que ficaram 0,77% mais caras em julho e habitação (1,07%).

 

Para fugir dos altos preços, a dona de casa Alzira Veloso, vez ou outra, adere às promoções de ‘pão dormido’. Pela manhã, ela compra o produto que sobrou da remessa do dia anterior. A receita: “é só esquentar na frigideira e passar manteiga”. Afinal, ficar sem pão, leite e outros produtos tradicionais que compõem a mesa de lanche não dá. No dia a dia, a dona de casa admite que não fica de olho nos preços antes de comprar o pão. Mas, na hora de pagar, a surpresa: “comprei pão na semana passada e, um dia depois, o valor já era outro, mais alto”, recorda.

 

Mogiz também chama a atenção para o Índice de Confiança do Consumidor, que foi o pior da série histórica iniciada em 2004. “É um reflexo da alta do custo de vida que deixa o consumidor pessimista.” O Índice de Confiança do Consumidor referente a julho de 2015 alcançou 34,38 pontos, abaixo do nível que separa o pessimismo do otimismo. Na comparação com junho, houve queda de 6,12%. O índice é uma composição das expectativas econômicas e também financeiras.

 

O Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), referente às famílias com renda de 1 a 5 salários-mínimos, apresentou, no mesmo período, variação positiva de 0,58%.

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06/08/2015