Mansueto Almeida diz que falta de confiança no atual governo é a principal causa da crise econômica e política

Acompanhe - 13/11/2015

12243592_991176614262473_2626688131266417035_nO Instituto Teotônio Vilela e o PSDB realizaram, nesta sexta-feira, 13/11, em Vitória (ES), o encontro regional “Caminhos para o Sudeste”, com debate sobre as implicações do atual cenário econômico e político brasileiro na competitividade do país no mercado global. O evento integra as comemorações dos 20 anos do ITV.

Um dos palestrantes do encontro, o mestre em economia e técnico do IPEA, Mansueto Almeida, falou que a crise econômica brasileira decorre da total falta de confiança de empresários, investidores e sociedade no atual governo. “O governo não consegue nos mostrar o que vai fazer. O ministro fala uma coisa e a presidente outra. Todo dia surgem dúvidas se o ministro da Fazenda vai continuar ou não. Os senadores do próprio partido do governo o criticam. Como esperar apoio de outros partidos para aprovar as medidas de ajuste propostas pelo governo? As pessoas não confiam na presidente.”

Mansueto afirmou também que o Brasil vai passar pela pior recessão desde a década de 80. “A culpa da recessão brasileira não é do resto do mundo. Desde 1900, o Brasil só teve queda de PIB em dois anos consecutivos em 1930 e 1931. Nosso PIB esse ano deve encolher 3% e possivelmente vai cair o mesmo percentual no ano que vem também, enquanto o resto do mundo tem crescido entre 3 e 3,5%. Teremos uma década perdida em termos de crescimento do PIB e produção da economia.”

A “política econômica diferente e voluntarista” adotada pelos governos do PT a partir de 2005 foi a grande responsável pelo desarranjo das contas públicas, segundo o mestre em economia. “O PT começou a aumentar brutalmente os gastos de uma forma não sustentável. Começou a oferecer financiamentos sem critérios, deu muitos subsídios e desonerações. De 2007 a 2014, o governo aumentou sua dívida em 500 bilhões de Reais para mandar recursos ao BNDES e subsidiar empresas que não precisavam”.

“Agora, o governo está reduzindo investimentos, já cortou 24 bilhões de Reais, e quer aumentar impostos – como a CIDE e a recriação da CPMF. Nossa carga tributária já é maluca e desigual. Não avançamos nada em reforma tributária. O governo está perdido. Acreditava que pra ter desenvolvimento e crescimento era só bater na mesa e ser voluntarista”, complementou.

A delicada situação das estatais brasileiras também foi tema da palestra. “Não se controla inflação segurando preço de gasolina e conta de luz, isso quebra as estatais. A Petrobras é, hoje, a empresa mais endividada do mundo. Para equiparar a dívida dela com a de outras petroleiras do mundo, teria que dobrar o preço da gasolina. Em 2012, o governo mudou também todas as regras do setor elétrico e quebrou a Eletrobras. São erros econômicos triviais”, ponderou Mansueto.

O que fazer para sair da crise?

Diante do cenário atual, Mansueto mostrou otimismo quanto ao futuro de longo prazo do Brasil e apontou o caminho que deve ser seguido daqui pra frente. “Quando comparamos o Brasil com os outros grandes emergentes, nos destacamos. Temos uma democracia plena, com liberdade de expressão, partidos políticos fortes. Sou otimista quanto ao futuro do Brasil. O que precisamos é de um governo com um compromisso muito claro em cima de um plano de ação e esse governo não tem propostas claras.Temos que dar segurança aos investidores, é muito ruim ficar mudando as regras toda hora, e recuperar a confiança”.

“Só vamos sair da crise se o país voltar a crescer. A recessão deve se agravar e o governo vai precisar reunir um grande apoio político para aprovar as medidas que pretende, nenhum economista vai resolver isso”, concluiu Mansueto.

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13/11/2015