Medidas não devem contribuir para o equilíbrio da dívida pública
Exatos cinco dias após o Brasil ter a nota de rebaixada pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), as medidas anunciadas pelo governo federal nesta segunda-feira (14/9) repercutiram entre analistas econômicos.
Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, em matéria publicada na edição desta terça-feira (15/9), a avaliação é de que o conjunto de decisões não será suficiente para estabilizar a dívida pública.
Essa é a opinião, por exemplo, do diretor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, Yoshiaki Nakano. Um dos especialistas ouvidos pela reportagem, ele disse ao “Valor” que a diminuição de despesas anunciada é irrisória diante do engessamento da dinâmica de avanço das despesas primárias do governo.
E explicou: “sem uma solução estrutural para esse problema, o país continuará precisando lançar mão de pacotes emergenciais como o atual para controlar o aumento do endividamento público.”
Outro consultado, Carlos Kawall, economista-chefe do Banco Safra, divide e mesma opinião. Na visão dele, embora o anúncio do governo demonstre a esperada “reação” para evitar que outras agências sigam o movimento da S&P, o foco das medidas anunciadas é apenas o de retomar o compromisso com a meta de superávit primário de 0,7% para o ano que vem, cujo abandono, resultou na perda do grau de investimento.
Superávit
Com especialização em contas públicas, Mansueto Almeida considera que mesmo que as medidas sejam aprovadas no Congresso, o superávit de 0,7% em 2016 não está garantido. E observa: isso porque o governo ainda trabalha com uma perspectiva de PIB muito otimista e porque a crise dos Estados vai se agravar nos próximos meses.
Já Nelson Marconi, professor da FGV, afirmou na entrevista ao “Valor” que parte do corte de despesas só tem vigência no curto prazo, como a suspensão dos concursos públicos e a postergação do reajuste dos servidores de maio para agosto.
Carlos Kawall, do Banco Safra, complementou: “Evidentemente vai haver muita negociação em torno dessas medidas. Acho que a CPMF, do jeito que está colocada, dificilmente será aprovada sem dividir com Estados e municípios.”