Mesmo com a crise, Prefeitura de Belém gera empregos na construção civil
Todo dia ela faz tudo igual. Acorda às 5h e sai do bairro do Jurunas rumo ao canteiro de obras montado na rodovia Augusto Montenegro. Há sete meses, essa é a rotina da auxiliar de serviços gerais Joana Batista Pereira, de 55 anos. “Graças a Deus consegui esse emprego. Foi um beneficio muito grande para mim, porque eu estava desemprega há quatro meses. Fui bem recebida e sou bem tratada por todos”, afirma a simpática trabalhadora, que já foi quebradora de castanha e empregada doméstica.
Dona Joana está entre os quase 700 empregados contratados para a obra de construção do BRT (Bus Rapid Transit) na Augusto Montenegro. Logo que soube das vagas, se cadastrou no Portal do Trabalhador e conseguiu voltar ao mercado de trabalho, levando consigo o filho Glebson Souza, contratado como ajudante de manteiro. Ela e o filho nem fazem ideia, mas conseguiram vagas no setor que mais demitiu no ano passado.
De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em Belém – cidade governada pelo tucano Zenaldo Coutinho – o número de demissões está elevado. Em 2015 foram 21.713 admissões contra 28.007 demissões, gerando um saldo negativo de mais de seis mil vagas. “Foi o setor que mais desempregou na capital. Mas talvez a situação fosse bem pior se não houvesse as obras de infraestrutura promovidas pela administração municipal, que estão gerando emprego na cidade”, avalia o supervisor técnico do Dieese no Pará, Roberto Sena.
As obras da Prefeitura de Belém criaram mais de mil empregos diretos em construções como a do BRT e reformas de hospitais, mercados e outros espaços.
Para o engenheiro do consórcio responsável pela obra do BRT, Claudio Soares, a construção civil está passando por um dos piores momentos desde 2010, mas a cidade segue no sentido inverso. “A obra do BRT está na contramão do que o país ta passando quando o assunto é construção civil. Muitas das obras, chamadas de incorporação, em outras capitais estão paradas, algumas suspensas, como as do programa Minha Casa Minha Vida, que reduziu contrações, e as obras da Petrobrás, com grande número de desligamentos”, afirma o engenheiro.
O servente de obra Paulo Machado da Silva, de 54 anos, também conseguiu um lugar nas obras da Augusto Montenegro. Ele e mais nove companheiros de trabalho atuavam como catadores de material para reciclagem no antigo aterro sanitário do Aurá. Ele diz que com a desativação, ficou sem a fonte de renda que lhe sustentou por dez anos, mas foi logo incluído nos cursos profissionalizantes desenvolvidos pelo projeto social de apoio aos catadores do lixão e se cadastrou para concorrer a uma vaga na obra.
“O emprego aqui é melhor do que antes porque não ficamos expostos aos riscos da violência e de problemas de saúde devido ao chorume do lixo e não perdemos noites de sono com a catação. Hoje temos horário para cumprir e temos carteira de trabalho assinada e direitos trabalhistas garantidos”, comemora o servente de obra.
Outras áreas – No setor da saúde, sete obras garantem, juntas, cerca de 420 empregos diretos. Na maior delas, a reforma do Hospital do Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti (HPSM), foram absorvidos 170 trabalhadores. Nas quatro unidades de Pronto Atendimento, a UPA da Sacramenta, do Jurunas, da Marambaia e da Terra Firme, foram criados 215 postos. A reforma do Hospital de Mosqueiro empregou mais 21 pessoas. E na construção da Unidade Básica de Saúde do Castanheira serão gerados mais 15 postos.
Irandir José Oliva, 56 anos, trabalha há um ano no almoxarifado do canteiro da UPA Sacramenta. Ele diz que o emprego garante as contas em dia e manutenção da casa onde mora com a esposa e os dois filhos, por quem ele diz valer todo sacrifício. “É com esse trabalho que sustento minha família. Quero garantir um futuro melhor para os meus filhos, que eles estudem e tenham uma profissão”, afirma Irandir.
David Samuel Almeida Pinto, de 28 anos, conseguiu o primeiro emprego de carteira assinada como servente de pedreiro também na UPA Sacramenta. “Esse emprego significou muitas coisas boas na minha vida. A primeira foi o registro na carteira profissional, porque trabalho há cinco anos nesse ramo e isso nunca tinha acontecido. A segunda é que estou construindo minha casa com a renda daqui e espero melhorar a cada dia”, conta.
Outras obras da Prefeitura que estão gerando empregos para funções como pedreiros, engenheiros, arquitetos, ferreiros e carpinteiros, são o Programa de Saneamento da Bacia da Estrada Nova (Promabem), que contratou 102 pessoas, sendo que quase a metade desse contingente é formada por moradores do entorno da obra (Guamá, Cremação e Terra Firme); e as reformas da Praça da República, com 30 pessoas envolvidas; do Mercado de Santa Luzia, com 24 empregados; e do Mercado da Sacramenta, já finalizada, onde trabalharam 15 operários.
*Da agência Belém de notícias