Mesmo com rombo bilionário nos cofres de MG, secretários de Pimentel terão maiores rendimentos

Acompanhe - 04/05/2016

fernando-pimentel_-foto_-antonio-cruz_-agencia-brasil_-29-06-2011201106290001Brasília (DF) – Apesar da crise econômica e da previsão de rombo de R$ 8,9 bilhões no orçamento de Minas Gerais nesse ano, os 15 conselheiros da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), entre eles três secretários do governador Fernando Pimentel (PT), deverão receber maiores rendimentos. Já é o segundo reajuste dos jetons – gratificação pela participação em reuniões de órgãos de deliberação – desde o ano passado. O pagamento, que no começo de 2015 era de R$ 7.100, passou para R$ 11,5 mil em maio daquele ano e agora será de R$ 14,3 mil.

Para o deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), o ‘supersalário’ dos secretários de Pimentel é apenas a fase “mais moderada da situação de desgoverno pela qual Minas Gerais está passando, sem políticas públicas, com os municípios sem conseguir obter convênios com o governo do Estado”.

“Percebemos nitidamente que o apoio da presidente Dilma, que era a única tábua de salvação do governador que é do mesmo partido dela, se rompeu com o impeachment. Como o governo não é capaz de produzir uma gestão eficiente, o Estado está parado. Só que, mesmo parado, se dá ao luxo de fazer certos favores para o seu corpo de secretários, aumentando salários na contramão daquilo que, nesse momento, é um enorme vigor para as contas públicas”, afirmou.

Com a participação no colegiado da Cemig e de outras empresas do governo mineiro, os secretários de Pimentel deverão turbinar os seus rendimentos. Helvécio Magalhães, do Planejamento, que tem um salário de R$ 10 mil como secretário e também recebe R$ 13.800 do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e R$ 3.500 do Prodemge, deverá chegar a um rendimento de pouco mais de R$ 41 mil por mês.

O secretário da Fazenda José Afonso Bicalho, que acumula R$ 7.500 recebidos da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), R$ 3.500 da Minas Gerais Participações (MGI) e R$ 2.700 da Minas Gerais Administração e Serviços (MGS), pode ultrapassar os R$ 40 mil mensais, já que ele é presidente do conselho da Cemig, recebendo um jeton de R$ 18 mil.

Já Marco Antônio de Rezende, da Casa Civil, além da Cemig também integra os conselhos da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), recebendo R$ 6.478, e da MGI.

Crise financeira

O deputado Abi-Ackel lembrou que Minas Gerais tem sofrido com uma forte crise financeira, enfrentando o seu segundo ano seguido de déficit nos cofres públicos. Enquanto alguns recebem supersalários, desde fevereiro a gestão Pimentel tem parcelado em até três vezes os salários do funcionalismo público, gerando a insatisfação dos servidores. Vale destacar que, segundo o próprio governo, 75% dos servidores do Estado ganham até R$ 3.000.

“Como mineiro, tenho que torcer para que o Estado não quebre, não entre em falência e os mineiros não paguem essa conta. Embora seja de um partido de oposição, eu não tenho essa torcida, de torcer para que as coisas fiquem cada vez piores. Torço para que o Estado se recupere, tenha condições de superar a crise, que é também muito decorrente da desvalorização das commodities, que é a base da economia mineira, o minério principalmente”, ressaltou o parlamentar.

“Mas é inegável que o governo está parado, não está tomando providências. Não conseguimos ver ainda esforços que tenham chegado ao conhecimento geral de planos de recuperação. O que nós vemos é isso, que era um governo de Estado que dependia do governo federal. Como o governo federal está em uma condição muito ruim, politicamente e economicamente, o governo de Minas não está demonstrando ter capacidade de resolver os seus problemas com a sua própria economia”, completou o tucano.

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04/05/2016