Na contramão da crise econômica, governo quer criar nova estatal para infraestrutura

Especialistas consideram empresa uma sinalização negativa, principalmente porque já existe órgão com atribuições similares

Acompanhe - 23/10/2015

Dilma foto ABrBrasília (DF) – No momento em que o país passa por uma recessão e uma grave crise econômica, e o governo corta recursos de programas sociais para tentar reequilibrar as contas públicas, o Ministério da Fazenda estuda criar uma nova empresa estatal para a área de infraestrutura, a Estruturadora Pública Nacional (EPN). As informações são de reportagem desta sexta-feira (23/10) do jornal O Globo.

De acordo com a publicação, o governo defende que a nova estatal agilizaria projetos estratégicos, diminuiria custos e atrairia novos investidores. Já especialistas ouvidos pelo O Globo consideram a criação da nova empresa uma sinalização negativa, principalmente porque já existe um órgão com atribuições similares – e que não seria extinto, a Empresa de Projetos e Logística (EPL).

Segundo os dados mais recentes do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest), de 2013, a União já possui 143 estatais, sendo que 18 delas são dependentes do Tesouro Nacional.

“A notícia chega ao ridículo da desfaçatez”, considerou o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). “No momento em que o país diminui a arrecadação, a economia é negativa, a inflação é acelerada, o governo perdeu o controle sobre o próprio governo e sobre a economia nacional, vir propor uma nova estrutura para administrar projetos, sendo que já existem tantas estruturas, como o próprio ministério do Planejamento, é uma desfaçatez. A proposta é ridícula e deve ser rechaçada de pronto”, afirmou.

Momento inoportuno

Ouvido pela reportagem, o especialista em contas públicas da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira argumentou que, apesar da necessidade de novas medidas para destravar o investimento, o momento é “inoportuno” para esse tipo de proposta, uma vez que o governo alardeado o discurso de que pretende “cortar na própria carne” para equilibrar as despesas.

“Essa empresa é proposta num momento extremamente inoportuno. Especialmente se você considera que há estruturas dentro do governo que poderiam cumprir o mesmo papel, desde que modernizadas”, destacou o especialista.

Para o deputado Hauly, a gestão da presidente Dilma Rousseff está desnorteada, sem saber para onde vai. “Esse é um governo desnorteado, não sabe para que lado vai. Sem dúvida alguma, ser pródigo com o dinheiro do povo, com o sangue e suor do povo é fácil. Quero ver querer gastar dinheiro do seu próprio bolso, do deles. Eles estão inventando moda, tentando criar uma nova estrutura no momento mais difícil da economia, da história do Brasil”, completou.

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23/10/2015