Donald Trump e a falta de credibilidade do governo brasileiro

Notas Oficiais - 27/01/2025

Os primeiros dias do governo de Donald Trump nos Estados Unidos trouxeram ao menos uma lição valiosa para o Brasil e o governo lulo-petista: credibilidade é algo que você leva uma vida inteira para conquistar e apenas alguns segundos para perder. Trump fez uma séria infindável de promessas durante sua campanha e começou a cumpri-las já no primeiro dia. Você não precisa gostar ou concordar com as promessas para admitir que isso trouxe uma enorme credibilidade ao novo governo norte-americano.

Credibilidade é fundamental. Investidores não investem para perder dinheiro. Eles só investem onde há um bom horizonte de previsibilidade. Vale também para as famílias de classe média ou renda baixa. Ninguém decide trocar de carro, comprar uma casa ou financiar uma moto para fazer entregas se não tiver certeza de que s situação econômica vai se manter estável ou caminha para uma melhora.

É disso que padece o governo brasileiro, de uma total falta de credibilidade. Não é culpa das fake news, nem do chefe da comunicação. É uma questão de prometer e não cumprir. Simples assim.
No lugar da picanha barata prometida em campanha o governo está entregando uma inflação dos alimentos que beira o insuportável. Ao invés de controlar gastos, aumento de impostos. No lugar do imposto sobre grandes fortunas, corte no Bolsa Família. O resultado é que uma mentira sobre uma nova taxação do pix vira uma crise política, econômica e de comunicação.

Não ajudam a bateção de cabeça e a proatividade de quem não sabe o que diz. As ideias de reduzir a taxação de alimentos importados —o que fez aumentar ainda mais a falta de confiança do agro brasileiro no governo— e a mudança na data de vencimento dos produtos são ideias tão estapafúrdias que deixaram a sociedade brasileira ainda mais certa de que o governo não tem a mínima ideia do que está fazendo.

A única notícia boa para o governo lulo-petista, quem diria, vem justamente dos Estados Unidos. A credibilidade que Trump já alcançou ao colocar em prática suas promessas fez a cotação do dólar começar a cair. Isso impacta o custo de importação de insumos para a indústria e a agricultura, ajudando a reduzir os preços no mercado interno.

Provavelmente o bom humor com Trump não vai durar muito. Ameaças e chantagens —tomar o canal do Panamá, anexar o Canadá, comprar a Groenlândia, sobretaxar o México— não são a melhor forma de fazer diplomacia, e isso deve ficar mais claro ao longo dos próximos meses. Mas já está claro para que credibilidade é algo que se conquista com atitudes, não somente com boa retórica e um novo ministro para a comunicação.

Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB

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27/01/2025