O momento não permite atitudes descontroladas

Notícias - 23/03/2004

O PSDB repele com veemência os ataques desatinados ao partido, aos senadores Tasso Jereissati, Antero Paes de Barros e Arthur Virgílio e ao governo Fernando Henrique Cardoso feitos pelo ministro-chefe da Casa Civil ao analisar os desdobramentos da crise política desencadeada pela revelação das ligações do seu ex-assessor Waldomiro Diniz com o crime organizado.

O PSDB recebeu com perplexidade e indignação o tom inadequado e carregado de ressentimentos contido nas declarações do ministro José Dirceu publicadas na edição de hoje de O Globo, que também incluíram referências desrespeitosas aos governadores Aécio Neves e Geraldo Alckmin, além de ameaças ao Ministério Público. As novas manifestações destemperadas do ministro-chefe da Casa Civil vieram se somar a uma sucessão de fatos que vem causando apreensão nos meios políticos e econômicos sobre os rumos do país.

Ao contrário da afirmação de José Dirceu de que o PSDB age para “desestabilizar“ o governo, os acontecimentos demonstram que os principais problemas se originam na própria administração federal ou em sua base de apoio político.

Eis alguns destes episódios:

Em reunião com parlamentares governistas, o ministro da Agricultura chamou o ministro do Planejamento de “vagabundo“, além de acusá-lo de boicotar decisões essenciais ao seu ministério.

O ministro da Previdência anunciou aumento das contribuições previdenciárias, voltando atrás depois que a proposta foi ridicularizada até por parlamentares governistas.

Com o apoio de parlamentares e militantes do partido, a Comissão Executiva do PT exigiu mudanças imediatas na política econômica. A esta manifestação se juntaram as afirmações do ministro-chefe da Casa Civil e do presidente do PT de que não haverá mudanças na política econômica sem o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, deixando implícito que ocorrerão mudanças com o ministro. E deram até prazo: julho.

Estes fatos coincidiram com o aumento das críticas na sociedade, no Congresso e na mídia à paralisia generalizada e a falta de coordenação e de projeto do governo federal. Qual a resposta do Palácio do Planalto a tudo isto? A primeira reação foi o anúncio de uma campanha publicitária de R$ 8 milhões. Segundo os jornais, a propaganda tentará mostrar à população as realizações do governo, o que configuraria um novo estelionato, já que até agora não se viu o cumprimento de nenhuma das promessas feitas na campanha eleitoral. A segunda reação veio com as declarações do ministro José Dirceu, iniciadas com ataques furiosos ao senador Tasso Jereissati por causa do seu discurso na tribuna do Senado, na semana passada – justamente o discurso elogiado por todos pela sua oportunidade e serenidade.

Não mostra equilíbrio racional um governante que insulta em termos tão descabidos um representante da oposição que, motivado exclusivamente pelo interesse na preservação da estabilidade da economia, veio ao socorro de um integrante do governo às voltas com críticas irresponsáveis de correligionários.

O PSDB não se intimida com agressões despropositadas e, cumprindo o seu papel de partido de oposição, exige ações efetivas do governo para superar o grave momento que o país atravessa. O momento não permite mais atitudes descontroladas. O que o povo brasileiro quer são iniciativas sérias, não bravatas que só concorrem para agravar a situação.

Liderança do PSDB na Câmara dos Deputados

Brasília, 23 de março de 2004

X
23/03/2004