“Ataque especulativo“ a Serra acabou, avalia PSDB

Apesar de protesto, clima de otimismo marcou inauguração de comitê do candidato em Brasília

Notícias - 16/05/2002

O comando e os marqueteiros da campanha presidencial do PSDB inauguraram ontem o escritório do partido em Brasília, convencidos de que o candidato José Serra sobreviveu aos 30 dias de “ataque especulativo“ promovido pela direita conservadora. “Está superada a fase da agenda negativa, dos ataques para desestabilizar a candidatura Serra“, resumiu o líder tucano na Câmara, Jutahy Júnior (BA).

Mas o discurso afinado dos tucanos acabou abafado pelas vaias de um pequeno grupo de manifestantes – cerca de 15 “mata-mosquitos“, ex-funcionários do Ministério da Saúde no Rio – postado em frente ao prédio com um enorme boneco do mosquito da dengue. “Vou atrás de Serra onde ele estiver“, anunciou o presidente do Sindicato da Previdência e Trabalho, Isac Loureiro Júnior, em meio à gritaria dos manifestantes uniformizados que sustentavam uma faixa preta com a frase “Serra Presidengue“. O líder do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), tentou reagir, retrucando os ataques com gritos de “fascistas“, mas foi inútil.

Antes de deixar o escritório, constrangido e levando o mosquitão preso em seu carro, Serra desdenhou dos 43 pontos porcentuais do adversário do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, nas pesquisas. Atribuiu o crescimento de Lula aos programas de televisão do PT, “de boa qualidade e sem contraditório“, exibidos nos últimos dias.

Embora o comando político da campanha tenha decidido ignorar os candidatos que disputam com Serra o passaporte para o segundo turno, ontem o candidato tucano estendeu às críticas ao PSB de Anthony Garotinho e ao PPS de Ciro Gomes. “Os candidatos estão apresentando idéias que muitas vezes não correspondem àquilo que seus partidos defendem“, disse Serra.

“O Ciro diz que é a favor de manter a inflação baixa e é contra metas de inflação, e o Garotinho fala a favor da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas na prática propõe o contrário“, prosseguiu o candidato tucano. “Apenas constato que há dissonâncias entre o que um partido diz, o que faz no Congresso e o que diz na TV. Ao dizer uma coisa, na verdade está propondo outra.“

Nelson Biondi, marqueteiro de Serra, elogiou o trabalho do colega Duda Mendonça, que produziu o programa do PT, Não resistiu, entretanto, a uma alfinetada. “O Duda fez um personagem, mas nossa área é a comunicação massiva. Eu não preciso dizer a Serra fale isto ou fale aquilo“, comparou.

Vice – Serra só vai inaugurar dentro de 15 dias a nova agenda de viagens de candidato, especialmente preparada pelos marqueteiros e estrategistas da campanha. Até lá, o tucanato e o comando do PMDB já devem ter concluído os acertos entre os dois partidos nos Estados e anunciado o nome do vice peemedebista na chapa de Serra.

O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e outros representantes da cúpula do partido prestigiaram a inauguração do escritório tucano, mas não se demoraram. Dedicaram o dia e entraram pela noite em negociações para acomodar os dois partidos nas disputas estaduais. Para apressar os entendimentos, o PSDB trouxe a Brasília o governador do Pará, Almir Gabriel, e o ex-governador do Mato Grosso, Dante de Oliveira.

Presente à inauguração, o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), disse que o PT está em crise de identidade e sugeriu que o partido mude a sigla para PTE (Partido dos Trabalhadores e dos Empresários) ou PTCD (dos Trabalhadores e da Classe Dominante).

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16/05/2002