“É preciso ter compostura“

Notícias - 14/12/2000

Nada autoriza quem quer que seja a afirmar que o Presidente Fernando Henrique Cardoso seja tolerante diante de supostos casos de corrupção envolvendo órgãos da administração federal. É verdade que, esporadicamente, surgem denúncias de irregularidades, como ocorre em qualquer sociedade democrática. No passado, críticas ou expressões de preocupação com a lisura nos atos públicos eram tomadas alternativamente como manifestação subversiva ou como supremo patriotismo, dependendo dos alinhamentos políticos de então, num reflexo do maniqueísmo decorrente do cerceamento das liberdades civis.

Felizmente os tempos são outros. A condição de membro do governo ou de aliado não confere santidade. Da mesma forma, a denúncia não recebe certificado de veracidade pelo simples fato de levantar suspeita sobre atos oficiais. Ser leal não significa ser conivente com a prática de atividades ilícitas. Mas tampouco equivale ao suposto direito de lançar acusações genéricas e sem comprovação pelo simples fato de seu autor ocupar altos cargos ou ter contribuído para a concretização de propostas governamentais.

Nos últimos dias, o Presidente do Senado e do Congresso Nacional, Antônio Carlos Magalhães, em reiteradas ocasiões e diante de diversos interlocutores, acusou o Presidente da República de ser tolerante com a corrupção, baseado unicamente em denúncias amplamente divulgadas anteriormente e – o que é mais grave – devidamente investigadas. É incompreensível e inadmissível que um homem público com a trajetória do senador menospreze o significado e as conseqüências desse tipo de acusação para a reputação dos acusados e para a vida institucional do País.

Nada justifica que se lancem acusações infundadas contra quem quer que seja e muito menos contra o Presidente da República. O PSDB repudia com veemência as acusações lançadas independentemente das credenciais dos eventuais autores contra o atual chefe do governo. Fernando Henrique Cardoso sempre considerou intolerável a corrupção e sempre agiu em conformidade com esse princípio. Igualmente intolerável é a ignomínia. A tolerância política do estadista não implica em abandono da indignação diante de cínicas manipulações do clamor pela probidade na administração pública. Nessas circunstâncias, não se pode senão repetir as palavras do Presidente, proferidas nesta quinta-feira 14 de dezembro, em Florianópolis: “É preciso ter compostura“.

Publicação da Comissão Executiva Nacional do PSDB para estimular o debate partidário, coordenada pelo Vice-Presidente Dep. Federal Custódio Mattos.

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14/12/2000