A ética e a falsa moral
A prevalência da ética na política é uma tarefa permanente de pessoas, instituições e partidos que lutam por um mundo mais justo e pacífico. O PSDB foi fundado com esta motivação que, felizmente, parece ser, cada vez mais, uma luta abraçada pela opinião pública brasileira.
Nossa História recente é uma clara demonstração da importância ascendente do fator ético na política. De País taxado como politicamente imaturo, o Brasil superou uma ditadura de 20 anos com uma transição sem traumas. Depois elegeu um presidente da República e, por evidentes desvios éticos, destituiu e substituiu esse presidente sem sair dos limites constitucionais, para continuar a trajetória da sua democracia com avanços institucionais capazes de afirmar a maturidade da Nação.
Nossa luta é por uma política onde a ética seja obrigação de todos, e não qualidade diferenciada de alguns. E onde quem não se enquadre neste modelo moral, seja sumariamente defenestrado da vida pública, como o foi até um presidente da República eleito pelo voto.
Mas no rastro de mais esse vergonhoso escândalo político-administrativo, o protagonizado pelo prefeito de São Paulo, o senhor Celso Pitta, surgem sinais de que a luta pela moralidade na política brasileira ainda pede muito empenho e exemplos dos políticos sérios desse País.
A Folha de S. Paulo publicou pesquisa que registra um renitente fôlego do chamado malufismo, modelo político tão desavergonhado que até supera o velho jargão do “rouba mas faz“. E sendo o senhor Celso Pitta obra carimbada do malufismo, nem o cinismo do “faz“ que pretendia justificar a velha máxima se aplica nessa sua versão atualizada.
A resistência do “malufismo”, mesmo longe da consagração, já representa uma vergonha e uma possibilidade de falência do esforço pela afirmação da ética na política. E se não podemos aceitar nem nos conformar com esse estado de coisa, precisamos entender suas razões. Não estaria a banalização do discurso moralista e a demagogia e oportunismo das propostas impossíveis na raiz desse problema?
Talvez o eleitorado paulistano sinalize a confusão que se estabelece quando setores ditos progressistas ou proclamados éticos, se recusam a encarar com seriedade a discussão de assuntos como salário mínimo, reforma agrária, privatização, educação e saúde, considerando a realidade do País e do mundo. Ética na política pressupõe também responsabilidade, sob pena de confundir a opinião pública e provocar retrocesso na luta contínua pela melhoria dos padrões da nossa política.