A história se repete: envolvido no mensalão, ex-secretário do PT Sílvio Pereira é denunciado na Lava Jato

Imprensa - 09/11/2016

silvio-pereira-reuters-jamil-bittar (1)Brasília (DF) – Uma das figuras mais emblemáticas do esquema do mensalão, o ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, apelidado à época de “Silvinho Land Rover”, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por corrupção e lavagem de dinheiro, desta vez no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo a força-tarefa, foram apreendidos documentos na casa do petista que confirmam a existência de um software usado pelo partido para gerenciar a indicação de nomes para 35 mil postos na administração federal.

As informações são de reportagem desta quarta-feira (9) do jornal O Globo. De acordo com a publicação, o chamado Sistema de Gerenciamento de Indicações (SGI) era acessado por senha. Por meio dele, lideranças do PT, como governadores, deputados e aliados, podiam fazer indicações para cargos no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A coordenação do sistema era de responsabilidade do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, e de Sílvio Pereira, tudo feito com o aval de Lula.

Em delação premiada, o lobista Fernando Moura contou à força-tarefa da Lava Jato que ele e Sílvio Pereira chegaram até mesmo a entrevistar candidatos a diversos cargos públicos. Cabia ao petista dar um “parecer favorável ou desfavorável” ao candidato. Já Pereira negou ter poder nas nomeações, alegando que apenas coordenava o cadastro.

O deputado federal Fábio Sousa (PSDB-GO) destacou que a história se repete: após terem seus nomes envolvidos no mensalão, figuras como José Dirceu e Sílvio Pereira são novamente implicados em um grande esquema de corrupção, desencadeando um ciclo degradante e sem fim. Em 2005, Pereira ficou conhecido como “Silvinho Land Rover” após ter recebido o carro de luxo como presente do empresário Cesar Roberto Santos Oliveira, vice-presidente do Conselho de Administração da GDK, empresa que mantinha contratos bilionários com a Petrobras.

“É a confirmação, sem dúvida nenhuma, de que pessoas dentro do governo anterior utilizaram de todos os meios e formas assustadoras para se manterem no poder. É a história que se repete. Um escândalo relacionado com o outro. Esse sistema só existiu porque existiu o outro, o do mensalão. É aquele negócio: ‘cada enxadada, sai uma minhoca’. É impressionante”, afirmou.

Para o parlamentar, a existência de um sistema informatizado que tinha como único objetivo a indicação de nomes para os cargos públicos evidencia o aparelhamento das instituições brasileiras e mostra que os governos do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff tratavam a administração federal como um mero ‘cabide de empregos’.

“Minha opinião é só uma: se for comprovada judicialmente a existência desse sistema, isso mostra que realmente a corrupção durante a gestão do PT foi institucionalizada. É uma prova de que, nos últimos anos, essa foi a regra. Não foi um caso isolado, aqui e acolá, era uma coisa institucionalizada. Não é só um malfeito. Era um sistema que estava sendo usado para ruir o Brasil, em todos os sentidos”, completou o tucano.

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, Sílvio Pereira atuou para que Renato Duque assumisse a diretoria de Serviços da Petrobras, implantando o esquema de propinas que se tornou o maior escândalo de corrupção de que o país já teve notícia: o petrolão. Além do petista e de Duque, também foram denunciados pelo MPF nesta terça-feira (8) o empresário Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS; José Paulo Santos Reis e César Roberto Santos Oliveira, da empresa GDK.

Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal O Globo.

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09/11/2016