Acordo entre Cuba e PT no “Mais Médicos” revolta profissionais cubanos

Os profissionais de saúde têm quase 75% dos salários confiscados por Cuba. “Isso precisa ser revisto”, afirma Betinho Gomes

Saúde - 10/02/2017

Valter-Campanato-ABr7Médicos cubanos têm reagido contra a configuração dos salários recebidos pelos serviços prestados no programa Mais Médicos. Um acordo fechado com Havana pela gestão petista da ex-presidente Dilma Rousseff determina que sejam pagos R$ 11,5 mil por cada médico, dinheiro repassado diretamente ao governo de Raul Castro. Mas apenas uma parte desse valor – pouco mais de R$ 2,9 mil – é destinado aos profissionais.

Quase 75% do salário integral é confiscado por Cuba. Em entrevista à revista Veja, a médica cubana Iramis Solano, que trabalha há quase três anos no Mais Médicos, pediu à Justiça brasileira a possibilidade de receber o salário sem os descontos que, por contrato, o Brasil destina à Cuba. O deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE) concorda que os repasses aos profissionais são muito baixos e defende mudanças no programa.

“Em nome desse programa, fez-se um acordo que foi prejudicial aos próprios médicos que estão vindo especialmente de Cuba. E obviamente isso precisa ser revisto. Que eles possam ter acesso a um salário digno.”

Betinho Gomes reforça a importância do Mais Médicos, especialmente no atendimento básico em cidades mais distantes das capitais. Mas o parlamentar defende a revisão desses repasses feitos à Cuba, levando em consideração o bem-estar do profissional que atua no programa.

“Não tenho dúvida que o programa tem uma lógica interessante para suprir a presença dos médicos, sobretudo nas regiões interioranas do Brasil. Acho que esse aspecto deve ser sim tratado e reconsiderado, embora o programa seja sim muito bem-vindo”, afirmou o deputado.

No ano passado, o presidente Michel Temer sancionou uma lei que prorroga por mais três anos a permanência dos profissionais do Mais Médicos no país. A medida garante assistência médica a municípios com carência de profissionais. O programa atende 63 milhões de pessoas.

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10/02/2017