Agrodinamismo

Notícias - 09/04/2002

Têm sido expressivos os resultados da agricultura brasileira. É um exemplo de como o crescimento econômico pode ser beneficiado por políticas setoriais consistentes.
É verdade que os benefícios da agricultura custam caro aos cofres públicos. É igualmente notório que a persistência das medidas de apoio ao setor reflete o poder político da bancada ruralista no Congresso. Finalmente, o dinamismo do setor deve muito ao regime cambial.
No ano passado, o PIB agrícola teve um crescimento de 8,5% em relação a 2000, depois de cair nos dois anos anteriores. O fim da âncora cambial trouxe mais oxigênio ao setor.
O setor agrícola e a soja em particular foram os principais responsáveis pelo saldo recorde de US$ 14,7 bilhões na balança comercial agropecuária em 2000. De 1998 a 2001, o saldo comercial do setor cresceu 35%. Aumentou o volume exportado, pois durante o período os preços internacionais caíram. Mas há também elementos estruturais, de longo prazo, que têm contribuído para a expansão do agronegócio. Eles vão da política de crédito a investimentos em pesquisa, com destaque à Embrapa.
Estudos recentes atestam esse dinamismo e revelam o peso do gasto público voltado ao setor. Estudo do Ipea indica um gasto da União em agricultura da ordem de R$ 8 bilhões em 1999 e ainda alerta para a complexidade que cerca a própria tarefa de estimar o total gasto pelo Estado em favor da agricultura no Brasil. Mais de 50% do gasto público é pulverizado e tem baixo controle oficial.
Além das políticas públicas, a agropecuária absorveu novas tecnologias, produtos e processos. Os ganhos de produtividade do setor batem recordes ano após ano.
As autoridades econômicas bem poderiam levar para outros setores a mesma abordagem, desenhando políticas estratégicas e sustentáveis em favor do crescimento econômico e de uma inserção virtuosa do Brasil nos mercados internacionais.

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09/04/2002