Aloysio diz que não há crise com Argentina por voos britânicos

Brasília (DF) – O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, negou nesta quinta-feira (9) em Buenos Aires a existência de uma crise envolvendo Brasil, Argentina e Reino Unido. O chanceler argumentou que os procedimentos que permitiram as aterrissagens em aeroportos brasileiros de aviões militares britânicos rumo às ilhas Malvinas estão sendo reavaliados e que o critério usado até agora para permiti-los foi o “humanitário”. As informações são do jornal Folha de S. Paulo desta sexta (10).
“Nossa posição sobre o apoio à Argentina com relação ao reclamo pela soberania das Malvinas é intocável, é um ponto fundamental do relacionamento entre os dois países”, afirmou.
De acordo com a reportagem, no ano passado, ao menos seis voos militares britânicos usaram aeroportos brasileiros em seu caminho às Malvinas. A Argentina reivindica a soberania do arquipélago, que é parte do Reino Unido.
Em sua primeira viagem ao exterior, Aloysio se reuniu com a chanceler argentina, Susana Malcorra. Segundo o ministro, no encontro foi “verificado o andamento da implementação das decisões tomadas por nossos presidentes”.
Mercosul
Na sequência, os ministros se encontraram com os chanceleres do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, e do Paraguai, Eladio Loizaga. De acordo com eles, o foco do encontro foi acelerar as negociações do acordo do Mercosul com a União Europeia. “Queremos avançar nesse entendimento, pois há um interesse grande por parte deles”, disse Aloysio.
Na avaliação de Malcorra, nos últimos meses, esse “interesse foi renovado e configura uma boa oportunidade para o bloco”. Já o chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, reforçou que o Mercosul se encontra numa fase diferente com relação a três anos atrás.
Venezuela
Ainda segundo o jornal, os chanceleres disseram não terem discutido a mudança de status da Venezuela no Mercosul – o país está suspenso, sob a justificativa de não ter cumprido os regulamentos do bloco. “A Venezuela tem uma posição peculiar. O que temos hoje no Mercosul é uma convergência de pontos de vista em relação a muitas questões, como a concepção de liberdade de comércio, de respeito às liberdades democráticas e à segurança jurídica”, afirmou Aloysio.
O ministro destacou ainda que o Brasil continuará a receber venezuelanos e que quer “reafirmar nossa vocação como país de acolhida, reconhecendo como refugiados pessoas que, mesmo sem serem responsabilizadas individualmente, são apanhadas numa crise humanitária”.