Aloysio Nunes defende negociação antes de ‘banho de sangue’ na Venezuela

Notícias - 29/07/2017

Faltando apenas um dia para a eleição de delegados para a Assembleia Constituinte da Venezuela, o ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), em entrevista à Folha de S. Paulo deste sábado (29), falou sobre as tentativas do Mercosul em encerrar a crise no país vizinho e disse concordar com a participação de outras nações nas articulações para o fim dos conflitos.

O chanceler brasileiro considerou difícil a possibilidade de o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, aceitar discutir pacificamente a retomada de condições democráticas no país. Para ele, a solução para a crise venezuelana é a negociação. O tucano afirmou ainda que Maduro “perdeu o limite” e que devido ao regime chavista imposto no país, os cidadãos venezuelanos estão diante de uma economia desorganizada, desabastecimento e insegurança. “Uma situação que não pode perdurar”, completou.

Aloysio Nunes ressaltou que as negociações devem ocorrer antes de um “banho de sangue” no país vizinho, uma vez que Maduro acena para uma saída revolucionária, de ruptura da ordem democrática. Para o ministro, se a democracia não prevalecer, restará a guerra civil.

Mercosul

Quando questionado sobre a reação do Mercosul à eleição da Assembleia Constituinte marcada para o próximo domingo (30), Aloysio Nunes disse que se não for restabelecida a democracia, cuja ruptura foi reconhecida em 1º de abril, haverá nova suspensão com base no descumprimento da cláusula democrática.

“A Venezuela foi convidada para mandar um representante a Brasília para explicar como justificam seu regime. Se dessa iniciativa não resultar nenhum progresso em relação à questão democrática, então dá-se um passo que é a nova suspensão”, explicou.

Para o tucano, o Mercosul espera que depois do processo de consultas, a Venezuela tenha disposição para dialogar seriamente sobre o fim da crise.  No entanto, o tucano disse não estar otimista sobre esta possibilidade.

“Acho difícil. Nenhum governo autoritário se despe das suas prerrogativas voluntariamente, a não ser quando vê que não pode perdurar. Transições sempre ocorrem assim, de ditadura para democracia. Espero que ele tenha lucidez de fazer isso”, lamentou.

O chanceler afirmou que o Brasil está empenhado em ajudar a Venezuela a restabelecer a normalidade democrática e que, se outros países puderem intervir com o mesmo propósito, como por exemplo Cuba e Colômbia, ele apoia.

“Quem puder intervir e conseguir boa vontade e a seriedade do governo para negociar, eu acho bom. Tem meu aplauso”, concluiu.

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29/07/2017