Após dez anos, números mostram acerto da privatização

País chega a 130 milhões de celulares e 39 milhões de linhas fixas

Notícias - 12/07/2008

Brasília (12 de julho) – No mês em que a privatização das telecomunicações completa dez anos, os números do setor mostram o acerto da decisão do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso de transferir o sistema Telebrás para a iniciativa privada. Hoje, mais de 130 milhões de brasileiros possuem celular e 39 milhões também têm um telefone fixo em suas residências, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Isso só foi possível graças aos investimentos privados, que modernizaram e expandiram a rede de telefonia de Norte a Sul. Vale lembrar que, antes da privatização, uma linha telefônica fixa chegava a custar R$ 2,5 mil.

NOVA REALIDADE PESSOAL E PROFISSIONAL

Graças à queda substancial nos preços, esse contingente expressivo de cidadãos pôde ter acesso aos telefones, com impacto tanto na vida pessoal como na profissional. Hoje é difícil encontrar um brasileiro que aceite abrir mão de um celular no seu dia-a-dia, principalmente aqueles que tornaram o aparelho uma ferramenta essencial no trabalho.

Para o deputado Julio Semeghini (SP), a mobilidade abriu um novo horizonte para as pessoas. “Atualmente é comum o bombeiro, o eletricista, o pedreiro, o chaveiro, a faxineira e qualquer doutor ou especialista dispor de um telefone celular para atender seus clientes, facilitando e impulsionando suas atividades profissionais“, destacou o tucano, que é engenheiro eletrônico e um dos principais especialistas na Câmara na área de telecomunicações.

Antes da privatização, além do preço alto de uma linha residencial, as pessoas ainda não tinham garantia de instalação do terminal no prazo previsto pela Telebrás.. Hoje, qualquer pessoa pode comprar uma linha telefônica por cerca de R$ 50, enquanto um celular pré-pago é comercializado por menos de R$ 100 e um pós-pago pode sair de graça. De acordo com Semeghini, a privatização e a concorrência jogaram para baixo o preço das linhas. Além disso, o cidadão não precisou mais declarar a linha à Receita Federal, como ocorria até meados da década de 90, quando um telefone era considerado um patrimônio.

Ao identificar que a estatal Telebras não tinha recursos necessários para investir na modernização das redes de telefonia, o Ministério das Comunicações optou pela privatização e enfrentou grande resistência de partidos de esquerda e de sindicatos. Uma década depois, a ousadia de FHC e do então ministro Sérgio Motta proporcionou ao Brasil uma tecnologia de ponta, que pode ser comparada a de países desenvolvidos como os Estados Unidos e nações européias. Graças aos sucessivos investimentos em tecnologia e inovação, o usuário de celular brasileiro tem à sua disposição as mesmas ferramentas e serviços de telefonia oferecidos lá fora, como internet rápida, localização por GPS, além de envio de fotos e vídeos por celulares. “Há há dez anos isso era inimaginável“, lembra Semeghini.

E para ganhar clientes, as operadoras tiveram que oferecer um bom preço aliado à qualidade do serviço. O maior beneficiado foi o consumidor brasileiro. Porém, o governo FHC se preocupou com a forma com que as empresas iriam atuar e criou uma agência para regular o trabalho das operadoras: a Anatel. A autarquia estabeleceu patamares para cada empresa concessionária em termos de telefonia pública nas ruas, determinou que as cidades com menos de cem mil habitantes deveriam ser atendidas e criou um Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU). Com isso, foram contemplados não apenas os grandes centros, mas também os pequenos municípios.

VISÃO ULTRAPASSADA

O deputado Emanuel Fernandes (SP) também destacou os resultados positivos da privatização e reprovou a postura do governo Lula, “prisioneiro de um discurso ideológico“ que atrapalha o investimento privado em áreas estratégicas como estradas, ferrovias e energia. “Como não quer dar o braço a torcer, privatiza de maneira disfarçada, por meio das concessões. A gestão petista não admite que precisa do dinheiro da iniciativa privada nacional e internacional“, reprovou.

Nas ruas, os brasileiros demonstram gratidão ao governo passado e satisfação por poderem ser encontrados em qualquer lugar. O garçom Ivaldo Lourenço, 34 anos, atribui a Sérgio Motta a expansão das linhas no mercado brasileiro. “Antes dele, poucos podiam comprar um telefone para a residência. Hoje isso é muito mais fácil“, comemorou. O número de linhas fixas saltou de 589 mil, em 1998, para 39 milhões hoje, enquanto o de celulares passou de 7 milhões para 130 milhões no mesmo período.

Há seis anos, Luciana Silva, 25 anos, comprou seu primeiro celular graças ao barateamento dos preços. “O telefone melhorou muito minha vida. Com ele, posso achar as pessoas mais facilmente quando estiver na rua“, destacou a copeira, que ganha um salário-mínimo mensal (R$ 415). Para ela, é difícil viver sem o aparelho. “Antes a gente não tinha um celular, então nem sentia falta. Hoje é difícil sobreviver sem um“, reiterou.

Conforme apontou Semeghini, os mais humildes foram os grandes beneficiados com a privatização. “Esse processo beneficiou principalmente os pertencentes às classes de mais baixa renda, classificadas como D e E, que podem utilizar a telefonia celular para impulsionar seus projetos, melhorar sua vida, aumentar seu ganha-pão e serem localizados imediatamente“, resumiu o deputado do PSDB.

Os números mostram ainda que o mercado de telefonia segue em expansão no país. Segundo a Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica, a produção de telefones celulares em 2007 foi de 68 milhões de unidades, sendo 45 milhões para atender o mercado interno – crescimento de 32% em relação ao ano anterior. Os demais 23 milhões de aparelhos foram exportados.

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12/07/2008