Após Dilma, BNDES apresenta nova política operacional e limita a 80% financiamento de projetos
Brasília (DF) – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou nesta quinta-feira (5) mudança nas suas políticas operacionais. Uma das novidades é que o banco de fomento poderá ter participação máxima de 80% em todos os projetos financiados por ele, mudando a regra anterior de teto dependendo de cada projeto. Além disso, também vai oferecer uma linha direta (sem intermediação de agentes financeiros) para capital de giro, em um momento de escassez desse tipo de crédito no sistema bancário.
As operações financeiras do BNDES ganharam os holofotes após a força-tarefa da Operação Lava Jato acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros crimes, de ter atuado junto ao BNDES e outros órgãos sediados em Brasília com o propósito de garantir a liberação de financiamentos do banco público para a realização de obras de engenharia em Angola.
Beneficiada pelo esquema, a construtora Odebrecht teria retribuído com o pagamento de propinas aos envolvidos que ultrapassam R$ 30 milhões. Parte dos pagamentos indevidos também teriam sido repassados a Lula por meio de palestras supostamente ministradas por ele, a convite da empreiteira, em países da África e da América Latina onde a empreiteira tinha negócios.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo desta sexta-feira (6), a instituição passará a conceder empréstimos com os maiores percentuais de juros subsidiados para projetos de micro, pequenas e médias empresas, que sejam menos poluentes e que tenham “retorno social maior que o retorno privado”, segundo a presidente Maria Silvia Marques.
Os projetos com previsão de maior retorno para as áreas de educação, saúde, meio ambiente e inovação terão maiores percentuais de taxa de juros subsidiadas do que projetos industriais, por exemplo, que utilizem combustíveis sujos ou que sejam para segmentos já consolidados no país.
Para o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), a nova política de financiamento de projetos do BNDES é muito positiva e demonstra a intenção de que o crédito auxilie na recuperação da economia, que foi devastada pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
“Dou as maiores boas vindas às medidas anunciadas pelo BNDES e pelo governo do presidente Michel Temer. São propostas importantes que também vêm ao encontro do aumento da necessidade de fomentar as micro e pequenas empresas e as atividades que geram mais empregos, que são aquelas que vão promover a inclusão para combater o desemprego no país”, afirmou.
Segundo a reportagem, a linha de Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda (BNDES Progeren) terá orçamento de R$ 5 bilhões e vigência até o final de 2017. O valor mínimo de financiamento é de R$ 10 milhões por operação.
A presidente do banco afirmou que, neste momento, a grande ênfase no capital de giro é para “preservar a atividade econômica e a geração de empregos”. A última mudança na política operacional do banco ocorreu há nove anos.
O tucano ainda avaliou as medidas como “essenciais” para a retomada do crescimento do país, mas alertou para a necessidade de crédito para a economia brasileira. “Nós estamos aplaudindo essas medidas, que são tão importantes no atual momento de pós-crise que vivemos. Mas também queremos que o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o BNDES possam ampliar a oferta de crédito de uma forma geral”, completou.
Resultados
O banco anunciou também a criação do Departamento de Monitoramento e Avaliação de projetos. Todos os projetos financiados terão um “quadro de resultados” no qual serão estipuladas metas a serem alcançadas nos empreendimentos. As metas serão mensuradas e, com isso, o projeto terá seu impacto avaliado.
De acordo com Maria Silvia, os quadros de resultado serão divulgados e haverá transparência. Segundo a presidente, o quadro foi criado para ir além do monitoramento, avaliando o impacto na entrada e conclusão do projeto.