Após troca de comando, corrupção “em larga escala” na Petrobras teria acabado, diz diretor

Petroleira reorganizou estatuto e canais de auditoria e denúncia após a Lava Jato, o que gerou um avanço “institucional”

Imprensa - 08/07/2016

DEPUTADOS DA CPI DA PETROBRAS FAZEM VISITA TÉCNICA À SEDEBrasília (DF) – Após o afastamento da presidente Dilma Rousseff e a consequente troca de comando na Petrobras, a corrupção “em larga escala” teria acabado na empresa. A declaração é do diretor responsável por refazer as políticas de governança na Petrobras para tentar frear as irregularidades na estatal, João Elek Junior. Segundo ele, a petroleira reorganizou estatuto e canais de auditoria e denúncia após a Operação Lava Jato, o que gerou um avanço “institucional”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo desta sexta-feira (8).

De acordo com o executivo, já não há “pessoas intocáveis” na empresa e no país. “É sofrido, mas a Lava Jato trouxe condições para a empresa se abrir. Em dimensão nacional, tivemos mudanças enormes no cenário institucional, pessoas que alguns anos atrás seriam intocáveis estão sendo questionadas como qualquer cidadão”, afirmou.

Segundo o Broadcast, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado, na última semana, a estatal demitiu o ex-diretor Antonio Sérgio Oliveira Santana por irregularidades na área de Recursos Humanos. Em nota, a Petrobras informou apenas o desligamento de três funcionários e a aplicação de sanções a outros 17, sem identificar os envolvidos.

O deputado federal Paulo Martins (PSDB-PR) afirmou que a Lava Jato foi “extremamente importante” para o país, principalmente no sentido de ter jogado luz sobre o submundo da Petrobras e de outras estatais, expondo o esquema engenhoso de corrupção que desviou mais de R$ 6 bilhões de dinheiro público. “As informações vindas da operação e sobretudo as prisões e a punição dos poderosos envolvidos dão um alento à população. Na contramão, para os operadores, as pessoas que têm coragem ou a safadeza de participar desse tipo de esquema, isso faz com que fiquem com medo e inibidos de cometer mais ilicitudes”, ressaltou.

A reportagem diz que, em seis meses, o novo canal de denúncias da estatal registrou mais de 1.400 casos. No período, foram aplicadas 98 advertências e 69 funcionários foram suspensos, ante um total de 84 em 2015. Demissões por justa causa já somam 20 desde janeiro – o mesmo patamar de todo o último ano. Desde o início do ano, a estatal apura irregularidades em contratos da reforma do Cenpes, alvo de operação da Polícia Federal na última semana.

Avanço

Para o tucano, a troca de boa parte da diretoria da estatal foi um “avanço” e oxigenou toda a estrutura da empresa. “Na minha opinião, a Dilma era a grande responsável pela manutenção do esquema de corrupção já que foi presidente do conselho. A Lei de Responsabilidade das Estatais é outro exemplo de evolução que estamos tendo. O Brasil precisa avançar no caminho das privatizações. Não podemos mais ver nossas estatais serem estrela de noticiário policial”, reiterou.

Ainda segundo o jornal, até o momento, a companhia já recuperou R$ 309 milhões de recursos desviados, no âmbito da Lava Jato. A companhia move “dezenas” de processos contra empresas e ex-funcionários envolvidos no esquema. “O valor que queremos é o total que tivemos de perda”, afirmou o diretor da Petrobras. Até o momento, não houve conclusão dos processos. “É a evolução da Justiça”, afirmou.

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08/07/2016