Lippi lamenta risco de surto de doenças erradicadas: “cenário preocupante”

Saúde - 12/07/2018

Brasília (DF) – A volta de doenças consideradas erradicadas no Brasil, como sarampo e poliomielite, continua preocupando a população. Apenas entre 1º de janeiro e 23 de maio deste ano, foram registrados 995 casos de sarampo no país (sendo 611 no Amazonas e 384 em Roraima), incluindo duas mortes, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo especialistas, um dos principais fatores para o risco do retorno dessas doenças é a queda na cobertura vacinal, que está abaixo do recomendado (95%) em vários estados. As informações são do jornal O Globo desta terça-feira (10).

Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) tenha determinado como obrigatória a vacinação de crianças, o descumprimento dessa norma não implica em multas para os pais. No entanto, o ato infringe os deveres familiares previstos na Constituição.

Na avaliação do médico e deputado federal Vitor Lippi (PSDB/SP), o cenário é triste, preocupante e serve de alerta para a família brasileira.

“O Brasil esteve livre dessas doenças por anos. Agora, infelizmente, estamos de novo colocando em risco nossas crianças por conta da falha na cobertura vacinal. O mais preocupante é que o problema não é a falta da oferta das vacinas, e sim o descumprimento dessa obrigação dos pais de levarem seus filhos. Precisamos discutir isso com a sociedade. É uma responsabilidade da família e todos temos que estar atentos”, afirmou.

O parlamentar também destacou a importância da discussão do tema em diversos ambientes para chamar atenção para a responsabilidade e conscientização do problema.

“As vacinas das doenças infectocontagiosas representam um grande avanço da ciência, da tecnologia e da medicina em prol da vida. É fundamental que as unidades de saúde, os veículos de comunicação e as escolas chamem atenção dos pais e mostrem sua responsabilidade. Se há pouco tempo essas doenças estavam erradicadas é porque elas têm sido distribuídas de forma adequada. À medida que muitas crianças não tomam, é um risco iminente que estamos enfrentando”, completou.

De acordo com a presidente da Comissão de Direitos da Criança e do Adolescente da OAB-RJ, Silvana Moreira, existem obrigações parentais definidas constitucionalmente, como dar educação, oferecer um teto e cuidar da saúde dos filhos, o que inclui vacinar.

Segundo a reportagem, outra grande implicação de não vacinar os filhos é a impossibilidade de participar do Programa Bolsa Família. Os pais de crianças de até 7 anos de idade que não estiverem vacinadas são impedidos de receber o benefício.

O tucano comparou ainda a realidade do Brasil com a de outros países que não possuem imunização contra essas doenças. “É muito triste porque, nos países mais pobres, isso acontece por falta do produto e aqui tem sido por falta de responsabilidade e conscientização das famílias. Tomamos isso como um alerta para que a gente não abaixe a guarda e não corra riscos desnecessários. Reitero a importância dessa discussão em prol da conscientização e da responsabilidade das famílias para que elas levem as crianças, cumprindo o calendário nacional definido pelo Ministério da Saúde”, disse.

A proteção contra o sarampo é feita pela vacina tríplice viral, dada às crianças no 12º mês de vida, e pela tetra viral, dada no 15º mês. Após essas duas doses, considera-se que o indivíduo está imunizado para o resto da vida. Porém, isso não significa que ele nunca terá a doença: a eficácia das duas doses é de 97%. Então a pessoa vacinada ainda tem uma pequena margem de risco de ter sarampo, mas, em geral, ele se manifestará de maneira muito mais branda.

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12/07/2018