Boicote ao Bolsa-Escola

Notícias - 16/08/2001

Prefeitos petistas de todo o País decidiram boicotar o programa de complementação de renda para famílias de estudantes carentes, o Bolsa-Escola, do governo federal, para evitar ganhos eleitorais ao PSDB.
Para impedir que os recursos do Fundo de Combate à Pobreza cheguem ao eleitorado, os prefeitos bloqueiam informações ao Ministério da Educação, como o cadastro das mães que receberiam os benefícios. Nos últimos quatro meses, 262.300 alunos foram privados de receber os R$ 15,00 oferecidos pelo programa. O presidente interino do PT, José Genoíno, declarou que “o Bolsa-Escola é uma esmola“ e que o PT defende a bolsa de pelo menos meio salário mínimo.
O Bolsa-Escola foi criado para atender, até o fim do ano, 10,7 milhões de crianças de 6 a 15 anos, de famílias cuja renda seja de até meio salário mínimo. Para isso, o governo reservou R$ 1,7 bilhão.
A iniciativa necessita da participação dos prefeitos que, além do cadastro das famílias carentes, devem criar programa local de renda mínima, capaz de complementar o Bolsa-Escola. Está aí, inclusive, a oportunidade do PT de corrigir a “esmola“, injetando recursos para aumentar o valor da bolsa a meio salário mínimo. Como não têm verbas, os prefeitos criam empecilhos, na tentativa de evitar que o governo federal coloque o programa em prática.
Em Pelotas, o governo local afirmou simplesmente que não se interessa pelo programa. Já em São Paulo, os caprichos da prefeita Marta Suplicy impediram até agora que 145.519 crianças fossem beneficiadas. Nos últimos quatro meses, 79.610 famílias deixaram de receber R$ 8,8 milhões. Conforme o programa, esses recursos seriam repassados diretamente para as mães, por meio do cartão magnético em retiradas feitas nos caixas da CEF.
Pois foi neste ponto que Marta Suplicy encontrou motivo para boicotar o programa. Primeiro, a prefeita não gostou da cor do cartão magnético.
Depois, decidiu condicionar a adesão de São Paulo à inclusão do símbolo da Prefeitura no cartão. “O problema que eu vejo é que Paulo Renato quer ser presidente e quer que o programa tenha o carimbo do MEC. É a política eleitoral que atrapalha“, disse ela ao Estado.
Marta Suplicy está igualmente interessada em transformar a iniciativa em bandeira eleitoral. Nenhum prefeito das 1.974 cidades que já aderiram ao programa pediu ao governo federal a inclusão do símbolo de sua prefeitura no cartão. Numa cidade financeiramente arrasada, Marta dispensou mensalmente R$ 2.182.785,00, porque o cartão magnético do programa, realização do governo federal, não tem o logotipo municipal.
Ela deseja um cartão conjunto para que, na mesma retirada, a mãe receba tanto os benefícios do Bolsa-Escola, quanto os do Bolsa-Trabalho, projeto do governo municipal. O secretário nacional do Bolsa-Escola, Floriano Pesaro, garante que já concordou com esse pedido, assegurando às mães um extrato no qual se discriminam os benefícios recebidos do governo federal e os provenientes do Município. Marta não aceitou.
O importante é entregar o dinheiro às famílias carentes. Pouco interessa se por meio de um ou de dois cartões. A verdade é que, dispondo de mais recursos, o governo federal atenderá muito mais famílias do que os minguados recursos municipais podem fazer. Marta quer pegar carona no Bolsa-Escola, numa clara jogada eleitoral e total irresponsabilidade social.

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16/08/2001