Boletim informa redução em casos de Aids por droga injetável

Notícias - 20/05/2002

O coordenador Nacional do Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids, Paulo Roberto Teixeira, informou há pouco que com base nos dados preliminares contidos no boletim epidemiológico trimestral do Ministério da Saúde, referentes ao período de julho a setembro do ano passado, houve redução de 5% no número de casos de Aids por uso de droga injetável em homens.

O boletim revela ainda queda média de 25% no número de novas contaminações do vírus, informou o coordenador. O Programa de DST/Aids contabilizou, de 1995 a 2000, média de 20 mil novos casos por ano, e de janeiro a setembro de 2001 foram registrados 6.546 incidências de Aids, com possibilidade de chegar a 15 mil até o fim do ano.

A causa principal da menor expansão do número de casos decorre das próprias mudanças de hábito dos usuários, estimuladas pela estratégia de “redução de danos“ disseminada pelo Ministério da Saúde, como explicou Paulo Teixeira. Com isso, a taxa de prevalência de HIV, que era de 52% em 1998, entre os usuários de drogas, caiu agora para 41%. O nível, segundo o coordenador, ainda é muito alto, “mas nos dá uma sinalização forte de que a tendência é cair ainda mais“. No mesmo período, a média dos usuários de preservativos cresceu de 42% para 65%.

O novo boletim revela que a transmissão do HIV vem crescendo nas relações heterossexuais, que respondem por 80% dos casos da doença em mulheres e por 40% dos casos em homens. Esta evolução permite, hoje, uma correlação de 1,8 (homem) para 1 (mulher), de acordo com Paulo Teixeira, que destacou ainda a queda de notificações em todas as faixas etárias. A incidência permanece maior em pessoas no pique da atividade sexual: de 25 a 49 anos.

Teixeira anunciou que o ministro da Saúde, Barjas Negri, lançará no dia 3 de junho uma campanha de alerta aos jovens homossexuais sobre os cuidados que devem ser tomados para não contrair a doença. Esta ação, segundo o coordenador, é necessária para evitar um possível “relaxamento“ no combate à Aids entre os homossexuais, grupo de risco que já chegou a ter prevalência de 70% entre os portadores do vírus, e que atualmente se mantém estável, em torno de 11%.

Mas, como na opinião de Paulo Teixeira “ainda existe muita intolerância e preconceito“, esses jovens nem sempre encontram amparo no diálogo franco, em casa ou com colegas – e também não foram atingidos por campanhas anteriores sobre a necessidade de prevenção contra a Aids. “Por isso podem achar que a existência de coquetéis antiviróticos garante um combate eficiente, o que é um equívoco“, ressaltou.

Desde o início da epidemia no Brasil, há 21 anos, foram registrados 222.356 casos de Aids (162.732 homens e 59.624 mulheres) e 108 mil pessoas morreram.

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20/05/2002