Bruno Araújo reitera independência do PSDB em relação a governo Bolsonaro, com apoio à pauta de reformas
O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, reafirmou nesta segunda-feira (3), em entrevista ao Programa Roda Viva, da TV Cultura, que o partido é independente em relação ao governo Jair Bolsonaro (PSL), mas apoia pauta de reformas, que podem garantir a volta do desenvolvimento econômico do país. O fechamento de questão sobre a reforma da previdência – orientação de voto para toda bancada – deve acontecer nas próximas semanas.
O presidente Bruno Araújo declarou que o partido terá posição, mas que não convive com extremismos. Eleito em convenção na última sexta-feira (31), Bruno Araújo falou sobre o futuro do partido e atual conjuntura política no programa Roda Viva, da TV Cultura.
“O PSDB é um partido de centro, que não convive com extremismo de direita e extremismo de esquerda no seu seio, dentro de si. Mas respeita todas as visões ideológicas”, disse Araújo.
O ex-ministro das Cidades destacou o pioneirismo do PSDB na criação de um código de ética partidário.
“O código de ética é único. O PSDB é o primeiro partido no Hemisfério Sul que assume com clareza a constituição de código de ética, de procedimentos internos e de compliace. Uma evolução no sistema político brasileiro”, frisou e completou: “O código vai ser utilizado, havendo a devida iniciativa, sendo avaliada pelo conselho de ético. E isso não impede que haja também uma reflexão pessoal daqueles que tem algum problema com a justiça”, disse.
Ao ser indagado sobre geração de empregos no país, o presidente tucano criticou a estagnação do governo federal. Na avaliação de Bruno Araújo, o fato do governo concentrar forças apenas na reforma da previdência afeta o mercado financeiro e outros campos de relevância.
“O governo Bolsonaro tem sido monotemático, numa reforma relevantíssima. Não há outra agenda que tenha sido colocada de forma substancial. Nós só temos cinco meses de governo, mas são os cinco meses mais importantes, onde há a motivação do investimento estrangeiro, a motivação ou parcela de esperança da população”, afirmou e citou o atual governo de São Paulo como bom exemplo de gestor. “Nós vemos o governo de João Dória super ativo nesses primeiros meses, com medidas para atrair investidores e empresas para o Estado ou para fazer com que indústrias permaneçam ali”.
Bruno Araújo afirmou ainda que é preciso combater as desigualdades sociais do país para que trilhe o caminho do progresso. E adiantou que o PSDB estará engajado nesta luta e que vai percorrer todo o Brasil com a meta de promover ações que ajudem a população.
“Quanto mais houver força e firmeza na redução das desigualdades sociais, regionais sobretudo, ganha o país como um todo”, disse.
O ex-deputado federal assegurou que o PSDB também vai encampar a defesa pela modernização do saneamento básico do Brasil.
Reforma da Previdência
Bruno Araújo defendeu a reforma da Previdência e afirmou que “PSDB é o principal protagonista da reforma da Previdência que está em discussão no país”.
“O PSDB está contribuindo direto na reforma da Previdência. O PSDB escreveu a reforma da Previdência. Foi escrito por um deputado licenciado do PSDB. Um excelente quadro nosso, o ex-deputado Rogério Marinho. Está colaborando como? Esta relatando a reforma na Câmara”.
Crise de representatividade
Outro tema abordado durante a entrevista foi a crise de representatividade dos partidos políticos no país, sobretudo do PSDB.
“Há uma grande dissociação hoje com a sociedade que dialoga de uma forma horizontal através das redes sociais e não sente quase que nenhum dos objetivos dela [em comum] com os partidos para o que ela quer ver para a sociedade”, frisou.
Bruno salienta que o PSDB precisa se readaptar aos novos anseios da sociedade para reconquistar a confiança e voltar a ser uma alternativa.
O PSDB vai precisar se reconectar e atualizar a esse novo modelo, onde perde muito espaço da democracia representativa, ganha muito espaço a democracia participativa. A posição do PSDB é poder fornecer um grau de qualidade de líderes que estejam à disposição do eleitorado, mas sobretudo recuperando a confiança e o primeiro passo é se posicionar com firmeza em relação aos temas”, afirmou.
Autocrítica
Bruno Araújo destacou o legado do PSDB deixado ao país pelo Plano Real, programas sociais, como o Bolsa-Escola, e educacionais, como de avaliação continuada para Universidades, evoluiu para o Enem. No entanto, o recém-eleito presidente da legenda ressalta que o PSDB errou na comunicação com a população e que o PT se aproveitou dessa lacuna para se apropriar dos programas sociais criados pelos tucanos.
“Precisamos mudar isso. Nós vamos construir um desenho para falar para todo o Brasil”, assegurou.
Reforma Política
Para o presidente tucano, há excesso de legendas no Brasil, afastando os eleitores de seus representantes, e defendeu um debate amplo sobre reforma política que envolva o voto distrital misto e o parlamentarismo.
“A base de constituição do PSDB é parlamentarista. Vale uma reflexão ao país. A maioria do partido é pelo voto distrital misto como alternativa de diminuir essa crise de representatividade”, disse e concluiu: “Se nós pensarmos, desde 1930, só quatro presidentes eleitos democraticamente concluíram seus mandatos. Dutra, Juscelino, Fernando Henrique e Lula. Vale uma reflexão sobre se, como sistema de governo, o parlamentarismo não dá mais estabilidade ao país, deixando a urna aberta ao longo de quatro anos”.
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