Caixa capitalizou o BNDES de maneira irregular durante os governos Lula e Dilma, revela delator

Imprensa - 16/07/2016

990094-fabio cleto_vcampanatoEm delação premiada, o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto afirmou que o Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS), administrado pela Caixa, foi utilizado para capitalizar de maneira irregular o BNDES. De acordo com matéria publicada pelo jornal O Globo neste sábado (16), o delator revelou que R$ 17 bilhões do FI-FGTS foram liberados em operações que não seguiram as regras estabelecidas no regulamento do fundo. Figuras de destaque dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff estariam entre os idealizadores da tática, segundo Cleto.

O valor é resultado de dois repasses, realizados em 2007 e 2015. De acordo com Cleto, o primeiro deles, de R$ 7 bilhões, foi o fator motivador para a própria criação do fundo do FGTS, uma vez que o BNDES e o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, eram contra a sua fundação.

“O BNDES acabou aceitando a criação do FI-FGTS com a condição de que a primeira aquisição do fundo fosse a compra de R$ 7 bilhões de debêntures do BNDES”, ressaltou o delator. “Tal aquisição afrontava o regulamento do fundo, que proíbe investimentos em projetos de instituições financeiras”, emendou o ex-dirigente da Caixa.

Cleto revelou aos investigadores que o segundo repasse, no valor de R$ 10 bilhões, foi feito no ano passado sob pressão de Miriam Belchior, então presidente da Caixa. Ele contou que o aporte foi realizado após a posse de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, que passou a restringir a capitalização dos bancos públicos feita pelo Tesouro a partir de então. Segundo o delator, assim como o primeiro pagamento, este também desrespeitou as regras do FI-FGTS.

“O BNDES ficou com necessidade de recursos para emprestar. A solução adotada pelo governo foi obter R$ 10 bilhões do FI-FGTS, via emissão de debêntures ou pela constituição de um fundo. Esta operação vai contra o regulamento do FI-FGTS”, revelou Cleto.

Procurados pela reportagem do jornal O Globo, Caixa e BNDES negaram irregularidades na liberação de R$ 7 bilhões e afirmaram que a emissão de R$ 10 bilhões em debêntures não foi realizada.

Clique aqui para ler a matéria do jornal O Globo.

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16/07/2016