Contra aparelhamento, ministro da Cultura demite 81 comissionados e é chamado de “pau-mandado” por ex-ministro de Dilma

Vecci: “É notório que não só no MinC, mas em toda a administração pública, houve um aparelhamento exacerbado”

Imprensa - 28/07/2016

Ministro Marcelo Calero se reúne com representantes da AssociaBrasília (DF) – O ministro da Cultura, Marcelo Calero, defendeu a demissão de 81 funcionários comissionados, nesta terça-feira (26), ligados a diversas diretorias e instituições da estrutura do MinC. As exonerações foram feitas como forma de combater o progressivo aparelhamento do órgão, perpetuado pelo Partido dos Trabalhadores ao longo das gestões do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente afastada Dilma Rousseff.

Além de pedir “o fim do aparelhamento no MinC”, Marcelo Calero afirmou que quer “um ministério de entregas e resultados”, que não “se contente com fotinhos bonitas e posts engajados”. Segundo o ministério, as demissões fazem parte da “reestruturação da pasta e do plano de valorização dos servidores de carreira”, atendendo a “uma demanda da sociedade civil por uma gestão republicana”, com funcionários concursados ocupando os cargos de chefia.

O ex-titular da Cultura Juca Ferreira, no entanto, não recebeu a decisão muito bem. De acordo com reportagem publicada nesta quinta-feira (28) pelo jornal O Estado de S. Paulo, o ex-ministro de Dilma foi às redes sociais para dizer que não houve aparelhamento no MinC, e se referiu a Marcelo Calero como um “pau-mandado”.

Para o deputado federal Giuseppe Vecci (PSDB-GO), a declaração do ex-ministro da Cultura foi descabida. “Cargo comissionado é de livre nomeação do presidente da República. Muda-se o governo, mudam-se os cargos. Nada mais natural que, com a mudança do governo, o governo use os cargos comissionados para colocar quem ele acha que é importante. A primeira questão é essa. Ninguém pode ser contra a dispensa de pessoas que estão em cargos comissionados”, afirmou.

O parlamentar acrescentou que o aparelhamento promovido pelo PT foi generalizado.

“É notório que não só no ministério da Cultura, mas em toda a administração pública federal, houve um aparelhamento exacerbado por parte do PT, entendendo que o Estado, não só o governo, também era do partido. Acho que isso vai ter que ocorrer não só no ministério da Cultura, mas em todos os locais. Eles saíram do poder. Eram ligados a uma doutrina que não é mais a que está sendo praticada pelo governo do presidente Temer. Então não tem que se contestar ministro por estar demitindo cargo comissionado. É de livre nomeação da Presidência da República, por indicação do ministro”, apontou.

Resposta

Em resposta a Juca Ferreira, o ministro Marcelo Calero também se pronunciou por sua página no Facebook. “O ex-ministro Juca Ferreira, cuja trajetória pessoal respeito, usou as redes sociais para me ofender e atacar de maneira vil. Lastimo que assim tenha procedido. Considerar que adversários políticos são inimigos e buscar destruir reputações são duas das razões pelas quais atravessamos a maior crise de toda nossa história, produto da gestão da qual ele fez parte”, escreveu na rede social.

O tucano Giuseppe Vecci destacou que a cultura não pode ser tratada pelos partidos como uma moeda de troca, e sim como um bem do povo brasileiro.

“A cultura não é partidária. A cultura, pelo contrário, é multipartidária, permeia valores, permeia todo o Brasil, e não é só uma questão propriamente dita do Ministério da Cultura, mas de toda a nossa vida, de todos os costumes, todos os valores que são exercitados pelos brasileiros. Entendo que ela deveria ter cada vez mais um papel de Estado, e não um papel de governo”, completou o deputado.

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28/07/2016