Corrupção envolve toda a cúpula do PT, diz Tasso

Senador elogia depoimento de irmão de Celso Daniel

Notícias - 06/10/2005

Brasília (6 de outubro) – Na avaliação do senador Tasso Jereissati (CE), o depoimento de Bruno Daniel, irmão do prefeito assassinado de Santo André Celso Daniel, foi um dos mais importantes prestados até agora na CPI dos Bingos. “Foi um dos melhores e mais esclarecedores depoimentos até aqui. Ele apresentou detalhes, foi preciso, contundente e seguro“, destacou.

ENCONTRO

Bruno Daniel confirmou aos senadores nesta quinta-feira o encontro que ele e João Francisco, outro irmão do prefeito petista, tiveram com o assessor especial do presidente Lula, Gilberto Carvalho, logo depois da missa de sétimo dia de Celso Daniel, no dia 26 de janeiro de 2002. Na conversa, Carvalho – à época assessor da prefeitura de Santo André – revelou detalhes do esquema de cobrança de propinas de empresários para abastecer o caixa do PT.

“Ele nos informou que chegou a ir sozinho a São Paulo para entregar ao então presidente do PT, José Dirceu, a quantia de R$ 1,2 milhão“, denunciou Bruno, para quem a confissão de Carvalho teria o objetivo de intimidar os dois a não denunciar o esquema. Para Tasso, a revelação significa que Gilberto Carvalho terá de voltar à comissão. “A acareação será de extrema importância“, afirmou, ao fazer referência à confrontação entre o assessor de Lula e os dois irmãos de Celso Daniel, marcada para o próximo dia 26, às 11h30.

CÚPULA

O ex-governador do Ceará acredita ainda que Gilberto Carvalho foi um “homem plantado na prefeitura pela cúpula do PT“. A tese contraria a estratégia do PT de jogar toda a culpa da corrupção sobre Silvio Pereira e Delúbio Soares. “Não dá mais para falar em bode expiatório. O envolvimento é geral“, disse. Essa convicção foi reforçada por Bruno. “O que se ouvia falar é que Gilberto Carvalho teria ido para lá como homem de confiança do Lula“, declarou.

Segundo Tasso, além de desmontar o depoimento de Gilberto Carvalho, Bruno reforçou, por meio de detalhes mal explicados do inquérito, que o assassinato de seu irmão foi sim um crime político encomendado, contrariando a versão do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). O parlamentar foi o advogado indicado pelo PT para acompanhar o caso. “Não há mais dúvidas de que foi um crime planejado e de motivação política“, comentou o senador.

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06/10/2005