Crise econômica e escândalos de corrupção impulsionam derrocada do PT nas eleições municipais

Imprensa - 05/10/2016

economia, PIB FOTO Marcos Santos:USP ImagensBrasília (DF) – A mais intensa recessão que o Brasil testemunhou nas últimas décadas, aliada ao constante envolvimento de suas lideranças em escândalos de corrupção são fatores que explicam a derrocada do Partido dos Trabalhadores nas eleições municipais deste ano. A legenda perdeu 60% de suas prefeituras, que caíram de 644, em 2012, para 256. Em contrapartida, o PSDB foi o partido mais votado do Brasil nestas eleições, e conseguiu eleger 46% de todos os seus candidatos a prefeito.

Reportagem publicada nesta quarta-feira (5) pelo jornal Folha de S. Paulo evidenciou que, nos últimos anos, a renda dos brasileiros tem sofrido fortes quedas, enquanto os índices de desigualdade e desemprego sobem exponencialmente. Desde as eleições de 2014, por exemplo, a taxa de desocupação quase dobrou, para os atuais 11,8%. Na opinião de especialistas, a economia deteriorada, aliada aos casos de corrupção, foram decisivas para a ruína no desempenho petista.

“Os escândalos envolvendo o PT vieram primeiro, em 2014, e tiveram influência. Mas a ‘bala de prata’ contra o partido foi a reversão brutal das expectativas econômicas”, avaliou o cientista político Marcus Melo, da Universidade Federal de Pernambuco. “Beneficiou-se disso o PSDB, que tem uma visão mais pró mercado combinada a um vetor distributivo, de pai de políticas sociais que desaguaram no Bolsa Família”, afirmou.

O deputado federal Caio Nárcio (PSDB-MG) atribuiu o resultado mostrado nas urnas ao conjunto da obra dos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, réu na Operação Lava Jato, e Dilma Rousseff, afastada definitivamente do cargo por crime de responsabilidade.

“Acho que a população tem uma compreensão de todo o problema que o PT causou ao Brasil, com a falta de administração pública, com a falta de compromisso com a ética, com a promoção dos maiores escândalos já vistos na história de um país, talvez comparado com o mundo, e como isso afetou a vida daqueles que acreditavam no que eles falavam. Muitas pessoas que elegeram esse governo acreditavam que estavam elegendo um governo que ia defender os mais humildes, que ia propor benefícios para aqueles que mais precisavam, e na verdade foram os principais prejudicados”, constatou.

Para o tucano, a voz das urnas é um recado claro ao PSDB de que o Brasil necessita de políticas emergenciais, como a do Plano Real, que possam tirar o país da atual crise.

“E aí, a urna vai e fala alto. Não só com a não eleição de petistas, ou com uma eleição muito reduzida, mas ela também dá uma sinalização forte ao PSDB, com um crescimento muito grande, dizendo da necessidade e do anseio da população com a proposta que nos cabe, quando ela fala da nossa administração pública, da maneira como a gente faz gestão, do compromisso nosso com a ética. Tudo isso fica sinalizado nas eleições. É um alerta de responsabilidade. A população dando para o PSDB um voto de confiança para que a gente pudesse fazer isso”, ressaltou.

Conjunto da obra

O deputado destacou ainda que os problemas que o Brasil enfrenta hoje e a resposta da população a eles estão interligados: são o conjunto da obra de um governo que se preocupou com mais com um projeto de poder do que com a boa gestão.

“Uma coisa levou à outra: a corrupção, a má administração. Tudo isso gerou o desemprego, que acabou tirando os benefícios que eventualmente essas pessoas tinham conseguido: ter o acesso à casa própria, um bem de serviço, um carro. Tudo isso acaba se perdendo, quando se perde o emprego, quando a economia desacelera, quando a dificuldade bate na porta, quando programas que se iniciaram param no meio do caminho”, disse o parlamentar.

“Tudo isso aconteceu durante os anos passados. Junto com a corrupção, é o conjunto da obra que demonstra que, além do país ter sido assaltado, foi muito mal administrado e prejudicou principalmente aqueles que o partido pregava defender antes de tudo”, completou Caio Nárcio.

Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal Folha de S. Paulo.

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05/10/2016