Crise na Venezuela tem impacto negativo na balança comercial do Brasil

Brasília (DF) – Os impactos da insistência dos governos petistas em transformar a Venezuela em um parceiro comercial e ideológico têm começado a se abater sobre a economia brasileira, afetada pela crise no país vizinho. As exportações do Brasil para a Venezuela sofreram um tombo de quase 90% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2014. Enquanto, em 2014, o Brasil exportou o equivalente a US$ 4,6 bilhões para o país, as vendas foram de apenas US$ 241 milhões nos primeiros seis meses de 2017. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Já o volume de importações de produtos brasileiros pela Venezuela também caiu. No primeiro semestre de 2014, correspondiam a US$ 1,1 bilhão. No mesmo período deste ano, chegaram a US$ 228 milhões.
A crise política e social na Venezuela implodiu a economia do país, que hoje vive uma crise de abastecimento. A queda do preço do petróleo nos últimos anos afetou a principal fonte de riqueza do país. O controle de preços também prejudicou a produção local, o que, aliado ao câmbio desvalorizado, tornou as importações praticamente inviáveis. É o que explicou o professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Carlos Gustavo Poggio, em reportagem exibida nesta quarta-feira (2) pelo Jornal da Globo.
“As importações da Venezuela de todos os países caíram bastante. Se você pega os números, vai ver uma queda absolutamente drástica das importações venezuelanas de todos os países. O Brasil está inserido nesse contexto. Com o câmbio muito desvalorizado, isso torna as importações muito caras, você tem uma crise econômica bastante grande e as pessoas tem menos dinheiro para comprar esses produtos. Portanto, o resultado é uma queda geral nessas importações”, disse ao jornal.
Continuando falta de previsibilidade política e econômica na Venezuela, a tendência é que o país cada vez mais se isole no comércio internacional, o que tem impacto negativo sobre os principais produtos exportados pelo Brasil para o país vizinho: carnes, açúcar, leite, animais vivos e medicamentos.
Para o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP), todas as relações entre Brasil e Venezuela, sejam no campo econômico ou diplomático, “começaram com o pé esquerdo”.
“Tudo começou errado, quando houve quase que uma imposição da presença da Venezuela no Mercosul, sem que houvesse um debate mais aprofundado. Foi uma decisão muito ideológica e menos técnica. É claro que esse ponto acaba criando dificuldades nas relações comerciais entre os dois países porque hoje o governo mudou, você tem uma nova orientação no Itamaraty, que passa necessariamente por reprovar o tipo de governo que temos na Venezuela, que não é uma democracia, e sim uma postura autoritária do governo Maduro, que não tem o respaldo e nem a confiança do governo brasileiro”, avaliou o tucano.
Prejuízos
Integrante da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Macris ressaltou que a posição brasileira de não reconhecimento da política autoritária vigente na Venezuela, adotada sob a gestão do PSDB no Itamaraty, com os ministros José Serra e Aloysio Nunes Ferreira, está correta, e previne os prejuízos já registrados na balança comercial brasileira.
“A própria crise de identidade que existe na Venezuela hoje, em relação ao seu sistema político, cria dificuldades na área comercial. O Brasil tem um prejuízo enorme com isso, porque a gente acaba, de alguma maneira, tendo dificuldade de realizar nossas exportações, que sofreram uma queda danosa. A crise política, a crise de credibilidade do governo da Venezuela, cria as dificuldades comerciais que o Brasil está tendo, com um enorme prejuízo para o país”, completou o parlamentar.
Assista AQUI a reportagem do Jornal da Globo.