Criticado por economistas, uso de reserva cambial para investimentos da União é defendida por Lula

Imprensa - 30/11/2016

Criticada por economistas, a ideia do Partido dos Trabalhadores (PT) de usar as reservas internacionais brasileiras para cobrir despesas da União foi novamente defendida, desta vez pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à Rádio Itatiaia, nesta terça-feira (29). O petista, que é réu em três ações penais da Operação Lava Jato, propôs usar US$ 100 bilhões dos US$ 372 bilhões que o Brasil possui de reserva cambial para custear gastos com infraestrutura.

Debatida no início deste ano, a medida foi condenada por especialistas, que alertaram que essa saída poderia desarranjar ainda mais as contas do país. O economista e deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) aponta que esse seria um uso equivocado dos valores, o que aumentaria a desconfiança e o medo do mercado em relação às ações do governo.

“Na hora em que se utilizam as reservas internacionais para resolver problemas estruturais do Brasil que precisam ser solucionados com poupança interna, com austeridade fiscal e com gestão, nós estamos, ao mesmo tempo, criando um problema que deixou de existir no Brasil há dez anos e investindo com um recurso que não é para isso.”

A ideia colocada por Lula também é vista por Rogério Marinho como um contrassenso, já que os investimentos em infraestrutura durante os governos do PT não foram prioridade. Em 2015, as aplicações nesse setor fecharam em 1,75% do PIB, patamar que foi o menor desde 2003.

“O governo do PT investiu muito em infraestrutura, mas em outros países do mundo. Está aí o BNDES para provar isso. Abriu mão de investir na logística e na infraestrutura no país e exportou os nossos poucos recursos para países que estavam ideologicamente alinhados a eles.”

A finalidade das reservas internacionais é atuar como um seguro contra crises externas e garantir que o país honrará seus compromissos financeiros com credores nacionais e estrangeiros. Para proteger o Brasil de manobras com as reservas, o secretário-geral do PSDB, deputado federal Sílvio Torres (SP), apresentou neste ano um projeto de lei que proíbe a destinação desses valores para suporte de operações de crédito ou fonte para despesas de custeio e investimentos feitos pelas três esferas do governo.

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30/11/2016