Criticado por economistas, uso de reserva cambial para investimentos da União é defendida por Lula
Criticada por economistas, a ideia do Partido dos Trabalhadores (PT) de usar as reservas internacionais brasileiras para cobrir despesas da União foi novamente defendida, desta vez pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à Rádio Itatiaia, nesta terça-feira (29). O petista, que é réu em três ações penais da Operação Lava Jato, propôs usar US$ 100 bilhões dos US$ 372 bilhões que o Brasil possui de reserva cambial para custear gastos com infraestrutura.
Debatida no início deste ano, a medida foi condenada por especialistas, que alertaram que essa saída poderia desarranjar ainda mais as contas do país. O economista e deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) aponta que esse seria um uso equivocado dos valores, o que aumentaria a desconfiança e o medo do mercado em relação às ações do governo.
A ideia colocada por Lula também é vista por Rogério Marinho como um contrassenso, já que os investimentos em infraestrutura durante os governos do PT não foram prioridade. Em 2015, as aplicações nesse setor fecharam em 1,75% do PIB, patamar que foi o menor desde 2003.
“O governo do PT investiu muito em infraestrutura, mas em outros países do mundo. Está aí o BNDES para provar isso. Abriu mão de investir na logística e na infraestrutura no país e exportou os nossos poucos recursos para países que estavam ideologicamente alinhados a eles.”
A finalidade das reservas internacionais é atuar como um seguro contra crises externas e garantir que o país honrará seus compromissos financeiros com credores nacionais e estrangeiros. Para proteger o Brasil de manobras com as reservas, o secretário-geral do PSDB, deputado federal Sílvio Torres (SP), apresentou neste ano um projeto de lei que proíbe a destinação desses valores para suporte de operações de crédito ou fonte para despesas de custeio e investimentos feitos pelas três esferas do governo.