Danosas à população, fake news se difundiram ainda mais no período eleitoral
Se você utiliza com frequência as redes sociais para se informar pela internet – com ênfase no WhatsApp, Facebook, Twitter e Instagram – certamente já se deparou com as chamadas “fake news” em algum momento. Em 2017, de tão popular, o termo foi escolhido como palavra do ano pelo dicionário britânico Collins e designa notícias fabricadas com o intuito de enganar pessoas. Em época de eleições, a prática se tornou ainda mais danosa, pois afronta diretamente a democracia no Brasil.
De acordo com pesquisa realizada em outubro deste ano pela startup MindMiners, 33% dos brasileiros disseram já terem compartilhado notícias sem saber a origem ou se elas eram realmente verídicas. O levantamento revela ainda outro dado preocupante: das 83% das pessoas que confirmaram se informar através de redes sociais, 49% afirmam não saber identificar se os conteúdos dos links são falsos ou verdadeiros. O questionário foi aplicado para mais de mil pessoas.
Por divulgarem situações falsas, as fake news causam danos à imagem de pessoas e empresas com conteúdos difamadores e, no caso das eleições, grande interferência no resultado final devido às inverdades difundidas. Atualmente, tudo isso é compartilhado em grande velocidade de propagação e alcance. Com o controle sendo feito de forma posterior, haja vista que as principais redes sociais, como WhattsApp, não possuem mecanismos de verificação de conteúdo, o prejuízo para as vítimas quase sempre é inevitável.
Enumerando os danos causados pela divulgação em massa de notícias irreais, o deputado federal federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) cobrou medidas duras para coibir a prática nas redes sociais. “As fake news são bastante prejudiciais exatamente pelos impactos negativos gerados na política, nas famílias, na honra das pessoas e na concorrência desleal entre as empresas. É um assunto mundial e vários países já tomaram medidas muito duras”, salientou o tucano.
Correlacionando as ações adotadas para minimizar os perigos no trânsito, Hauly afirmou que as fake news trazem um prejuízo irreparável para suas vítimas, sendo necessário a aplicação de medidas enérgicas minimizando os efeitos na sociedade. “No trânsito, se você não multar os excessos de velocidade, não tomar providência contra alcoólatras e drogados na direção, não será possível coibir os problemas de morte. As notícias falsas são uma rede com proporção nunca antes vista na história da humanidade. É devastador”, lamentou.
Para o paranaense, é necessário também uma maior atuação do Congresso Nacional, do TSE e do Ministério Público com a implantação a curto prazo. O parlamentar citou dois projetos de sua autoria em tramitação na Câmara dos Deputados. “Um deles pune o autor da fake news e quem divulga. O segundo, inspirado em um projeto da Ângela Merkel (chanceler alemã), punirá o provedor onde a notícia falsa está sendo veiculada. Isso precisa ser coibido com multas pesadas e com banimento”, sugeriu o deputado.
“PT está experimentando seu próprio veneno”
Embora tenha tentado criar ações para minimizar o impacto das fake news no pleito eleitoral de 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não conseguiu êxito no combate à prática. Nesta semana, os próprios ministros do colegiado avaliaram que a comissão falhou na missão de coibir a divulgação de notícias falsas. Na quinta-feira (18), o jornal Folha de S. Paulo revelou um esquema onde diversos empresários apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) bancaram uma campanha de disparos de conteúdos inverídicos sobre outros candidatos.
Segundo a apuração da reportagem da Folha, cada contrato para disparos de centenas de milhões de mensagens chegava a casa dos R$ 12 milhões. Apesar de destacar a gravidade da situação, o deputado federal Luiz Carlos Hauly não acredita em uma possível anulação do primeiro turno das eleições. “Pela forma que aconteceu, não vejo como ter alguma implicação eleitoral de responsabilidade do candidato. Cada um faz o que quer. Se alguém deve ser punido, são os empresários que pagaram”, apontou.
Para o parlamentar, a prática não é nova na política e foi disseminada pelo PT em seus anos no governo. “O PT foi quem mais utilizou fake news desde o surgimento das redes sociais. Sempre veicularam notícias falsas contra seus adversários. Agora, eles estão experimentando o veneno distribuído por muitos anos com seus ferrões. Encontraram um adversário à altura, mas que não é uma máquina partidária organizada e financiada com dinheiro público. Foram milhões de pessoas que trabalharam de forma dispersa”, frisou.
Reportagem Danilo Queiroz