“Decisão de cunho político”, afirma Pedro Vilela sobre reação de Venezuela, Bolívia e Equador ao impeachment de Dilma Rousseff
O impeachment de Dilma Rousseff causou reação imediata de alguns países vizinhos ao Brasil que possuem uma política alinhada ao Partido dos Trabalhadores. Venezuela, Bolívia e Equador decidiram pelo retorno de seus representantes diplomáticos pouco depois da conclusão da votação do Senado. A capital venezuelana deu a resposta mais dura ao governo brasileiro e decidiu congelar as relações políticas e diplomáticas com o Brasil. O deputado federal e presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, Pedro Vilela (PSDB-AL), lamenta a reação desses países.
Para o tucano, a resposta negativa dessas nações ao impeachment é de cunho político. “Eu lamento o comportamento desses países nesse momento, porque está mais do que claro que essa decisão tem um cunho político. Havia uma identidade clara entre os governos desses países e o da agora ex-presidente Dilma Rousseff e do Partido dos Trabalhadores. O exemplo mais óbvio é do da Venezuela. Há sérios problemas na democracia daquele país. E eles se posicionam contra porque tinham no governo da presidente Dilma um cúmplice, um parceiro conivente com todo tipo de abuso que acontece naquele país.”
Em nota, o Itamaraty também lamentou a incompreensão desses governos ao impeachment e afirmou que isso “revela um profundo desconhecimento da Constituição e das leis brasileiras”. Pedro Vilela ressalta que a postura do chanceler José Serra, do PSDB – que condena o abuso e o desrespeito aos direitos humanos nesses países – incomoda os governantes. Para o deputado, as instituições e nações que têm apreço pela democracia respeitam a decisão do afastamento definitivo de Dilma.
“De instituições que tem apreço pela democracia e respeitam o princípio democrático como fundamental, o reconhecimento do exterior virá sem qualquer questionamento ou dúvida. Isso aconteceu com a ONU. O governo dos Estados Unidos também é um exemplo de democracia que já se posicionou pela legitimidade do governo do presidente Michel Temer, assim como também o da Argentina e outros vários no continente europeu.”
O Ministério das Relações Exteriores convocou os embaixadores brasileiros na Venezuela, Bolívia e no Equador para consulta, e pediu que os chefes de Estado desses países se informem melhor sobre a legalidade dos atos do Congresso Nacional.