“Defesa de Palocci adota mesma estratégia de Lula e do PT: o ‘eu não sabia’”, afirma Izalci

Imprensa - 30/09/2016

izalci foto Agencia CamaraBrasília (DF) – Em um depoimento de quatro horas à Polícia Federal, nesta quinta-feira (29), o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, principal alvo da 35ª fase da Operação Lava Jato, a Omertà, recorreu à mesma estratégia empregada a exaustão por todos os petistas já implicados no esquema: negou o envolvimento com a corrupção. Suspeito de receber propinas da Odebrecht em troca de atuar a favor dos interesses da empreiteira junto ao governo federal, Palocci negou ser o “italiano”, codinome usado em planilhas de pagamentos da empresa.

O deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF) destacou que Palocci apela à mesma justificativa usada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o emprego do ‘eu não sabia’.

“Essa é a estratégia que o PT sempre usou e que foi ensinada principalmente pelo Lula. Lula é quem não sabia de nada, não viu nada, não participou de nada, nada é dele. Essa é a estratégia deles: negar tudo. O que não é estranho. O estranho seria se ele [Palocci] já confessasse e admitisse o que fizeram com o país, com relação às medidas provisórias, à Petrobras. É a defesa natural deles, que têm o hábito de dizerem que não viram nada, que não sabem de nada”, afirmou.

Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (30) pelo jornal O Estado de S. Paulo, os investigadores da Lava Jato apuram a suspeita de a petroquímica Braskem, da Odebrecht em sociedade com a Petrobras, ter pago parte das propinas destinadas a Antonio Palocci. Os dados teriam sido encontrados em registros de pagamentos deletados dos arquivos da Odebrecht, mas recuperados pela PF. Um dos destinatários finais do dinheiro seria o ex-marqueteiro do PT, João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais de Dilma Rousseff [2014 e 2010] e Lula [2006].

Em troca, Palocci teria atuado em favor da petroquímica na aprovação de leis que beneficiaram a empresa em pelo menos dois momentos: em 2009, quando foi deputado federal pelo PT, e em 2013, quando foi consultor.

Para o deputado Izalci, a troca de favores e as vantagens indevidas foram a alternativa escolhida pelo PT para tentar se manter no governo federal.

“Essa foi a metodologia que eles usaram. Começaram com o mensalão. Como houve um processo no Supremo Tribunal Federal [STF] com muita vulnerabilidade, logo em seguida, durante o mensalão, já aperfeiçoaram o modus operandi com o petrolão, porque no mensalão não havia doações oficiais para o partido, era tudo caixa dois. Era tudo feito sacando dinheiro da boca do caixa. Então aperfeiçoaram o sistema”, explicou.

“Para dar um ar de regularidade, de legalidade, doaram grande parte desse dinheiro através de doação partidária, que é legal, dá uma visão de que existe legalidade, mas, por trás disso, vêm as irregularidades que já estão mais do que demonstradas pela CPI da Petrobras, pela CPI do Carf [Conselho Administrativo de Recursos Fiscais], onde houve benefícios com relação a medidas provisórias no setor automobilístico. Esse era o jeito de governar do PT”, constatou o tucano.

O parlamentar salientou que, apesar da densidade do esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato, o aprofundamento das investigações pode revelar novos esquemas, comprometendo ainda mais a estrutura montada pelas gestões petistas.

“Agora vem CPI do Carf, CPI dos Esportes, do Segundo Tempo, dos estádios da Copa do Mundo, onde é provável que se encontrem as mesmas irregularidades, mais volume de desvios, mais do que já existe hoje, com fundos de pensão, BNDES. Na hora que você entrar a fundo nisso, vai ver que o que aconteceu com a Petrobras foi fichinha em relação a tudo o que ainda pode ser revelado”, completou Izalci.

Leia AQUI a íntegra da reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.

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30/09/2016